Warren Beatty acusado de abuso sexual de uma menor

O processo deu entrada esta segunda-feira no Tribunal Superior de Los Angeles. O caso remontará a 1973, envolvendo o actor, então com 35 anos, e uma então adolescente de 14.

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O actor não é nomeado directamente no processo, mas a referência a um actor que interpretou Clyde em Bonnie & Clyde não deixa dúvidas Mark Blinch

Warren Beatty, estrela de Hollywood com uma carreira que recua à década de 1950, e actualmente com 85 anos, está a braços com um processo judicial no qual é acusado de abuso sexual de uma menor. O caso remonta a 1973, quando a mulher do Louisiana que esta segunda-feira interpôs o processo no Tribunal Superior de Los Angeles, Kristina Charlotte Hirsch, tinha 14 anos.

O actor não é nomeado no processo, mas a descrição incluída na queixa, referindo-se ao alegado abusador como alguém que “actuou em televisão e em vários filmes de Hollywood, inclusive representando ‘Clyde’ em Bonnie & Clyde”, não deixa dúvidas. A celebrada interpretação de Clyde Barrow, ao lado de Faye Dunaway, que encarnou Bonnie Parker, foi um dos pontos altos da carreira de Warren Beatty. A participação no filme de Arthur Penn, estreado em 1967, valeu-lhe a nomeação para um Óscar de Melhor Actor.

Os factos de que é acusado ocorreram alegadamente seis anos depois, quando o actor “tinha adquirido fortuna, dimensão e poder como resultado da sua carreira e do seu estatuto enquanto estrela de cinema”, lê-se no texto que formaliza a acusação. Estatuto e poder que, refere a acusadora, se revelaram determinantes para os abusos de que terá sido alvo.

Warren Beatty e Kristina Hirsch ter-se-ão conhecido em 1973 na rodagem de um filme, durante a qual Beatty, na altura com 35 anos, terá elogiado repetidamente a aparência da então adolescente, dando-lhe o seu número de telefone e incitando-a a encontrar-se com ele. Fascinada com a atenção que lhe era dada por uma estrela do cinema, Kristina começou a encontrar-se regularmente com o actor, relata a acusação. Este levava-a em passeios de carro, “oferecendo-se para ajudar nos trabalhos de casa” e tocando “insistentemente” no tema da perda da virgindade.

A acusação alega que, exercendo o poder que lhe era conferido pelo seu estatuto e pelo desnível etário, Beatty coagiu a adolescente a praticar “sexo oral, sexo simulado e, por fim, relações sexuais coercivas” às quais, tendo em conta o contexto e a sua idade, Kristina não poderia ter dado “consentimento significativo”.

Kristina Hirsch pôde fazer esta acusação judicial devido a uma lei aprovada em 2019 no estado da Califórnia, que durante três anos ofereceu a vítimas menores de abuso sexual, hoje com mais de 40 anos, a possibilidade de iniciar retroactivamente processos em tribunal. A legislação foi aprovada na sequência de uma série de acusações de abuso sexual de menores envolvendo padres católicos e da condenação de um médico da equipa olímpica de ginástica dos Estados Unidos, Larry Nassar, que abusou de pelo menos 265 ginastas ao longo de 30 anos.

Em Janeiro de 2023 voltarão a ser aplicadas as restrições legislativas anteriores: as vítimas têm de iniciar o processo judicial até oito anos após atingirem a maioridade ou até três anos, se já na maioridade, após descobrirem ou ganharem consciência do abuso.

Kristina Hirsch pede uma indemnização pelo “grave sofrimento emocional, físico e emocional” que diz manter-se desde a ocorrência dos factos. Nem Warren Beatty, nem os seus representantes comentaram até agora a acusação.

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