Pintor Gil Teixeira Lopes, que dedicou uma vida à gravura, morre aos 86 anos

A Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa recordou o seu “papel decisivo na consolidação da área de gravura”.

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Gil Teixeira Lopes dedicou parte importante da sua obra à gravura DR

O pintor Gil Teixeira Lopes morreu na quinta-feira, em Lisboa, aos 86 anos, confirmou à agência Lusa fonte da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL), onde leccionou durante mais de três décadas.

Marcelo Rebelo de Sousa, que o condecorou em 2018 como comendador da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, como lembra o site da Presidência da República, recordou “o seu espírito criativo e persistente”, destacando o seu trabalho na área da gravura, bem como “uma intensa e rica carreira no ensino das artes plásticas”.

Autor de uma extensa obra neofigurativa e abstracta em pintura, gravura e escultura, no seu percurso artístico constam centenas de exposições individuais e colectivas em Portugal e no estrangeiro.

Nascido em Mirandela, em 1936, Gil Teixeira Lopes fez os estudos artísticos iniciais na Casa Pia de Lisboa, e foi depois bolseiro da Academia Nacional de Belas-Artes e da Fundação Calouste Gulbenkian em Espanha, França, Itália e Inglaterra.

Somou mais de 30 prémios e distinções, nomadamente na Bienal de Florença de 1970 e 1972, na Bienal de Cracóvia de 1971, na Bienal de Seoul de 1972, na Bienal de S. Paulo em 1973, na Bienal da Noruega em 1972, 1984 e 1986, e na Bienal do México em 1980, segundo uma nota biográfica da FBAUL colocada online.

A sua obra está representada em colecções nacionais e estrangeiras, como as da Fundação Calouste Gulbenkian, da Biblioteca Nacional de Paris, em França, do Museu do Vaticano, em Itália, do Museu do Bronx em Nova Iorque, da Biblioteca do Congresso em Washington, os Estados Unidos, e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, no Brasil.

Na mesma nota, a FBAUL “lamenta profundamente” a morte do artista plástico e professor catedrático de pintura, que ali leccionou de 1960 até 1995, passando ainda por diversos cargos de gestão.

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Litoserigrafia "Couturière", de Gil Teixeira Lopes, Colecção Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian DR

A faculdade recordou o seu “papel decisivo na consolidação da área de gravura como conjunto aberto de meios”, dirigindo um núcleo de investigação precursora no Centro Nacional de Calcografia e Gravura.

“Professor empenhado, exigente e, para muitos, polémico, enfatizava a importância do trabalho disciplinado, perseverante e experimentalista na fundamentação dos discursos artísticos consequentes”, sublinhou a faculdade.

Foi também membro interveniente da Gravura (Cooperativa dos Gravadores Portugueses), da Sociedade Nacional de Belas-Artes e da Academia Nacional de Belas-Artes, integrando inúmeros júris em Portugal e no estrangeiro.

A mesma fonte da FBAUL indicou à Lusa que o velório de Gil Teixeira Lopes está marcado para as 15h30 de sábado, na capela da Igreja dos Jerónimos, em Lisboa, e o funeral decorrerá no domingo, pelas 12h, no crematório do Cemitério dos Olivais.

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