Morreu Guilherme de Pádua, o actor que matou Daniella Perez

Informação foi divulgada pelo líder da congregação que transformou o artista em pastor da Igreja Baptista. O ex-actor pediu perdão à mãe e ao viúvo da actriz, assassinada aos 22 anos.

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Daniella Perez e Guilherme de Pádua formavam par romântico na novela De Corpo e Alma (1992), escrita pela mãe da actriz DR

Guilherme de Pádua, o ex-actor e pastor que matou a actriz Daniella Perez, em 1992, morreu na noite deste domingo, aos 53 anos, após sofrer um enfarte, avançou o pastor Márcio Valadão, líder da Igreja Baptista da Lagoinha, Brasil.

Localizada em Belo Horizonte, cidade natal de Pádua, esta congregação acolheu o ex-actor após a sua saída da prisão e ordenou-o pastor em 2017. A morte foi confirmada pela assessoria de imprensa da Igreja Baptista de Lagoinha, através de um comunicado. Guilherme de Pádua e a então mulher, Paula Thomaz, foram condenados a 19 anos de prisão pela morte da actriz, filha da escritora e guionista Gloria Perez. O casal foi libertado depois de cumprir seis anos de prisão.

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Guilherme de Pádua era pastor na Igreja Baptista e apoiante de Bolsonaro Instagram/julianalacerdapadua

“Com 53 anos completados no último dia 2 de Novembro, Guilherme compunha o time pastoral da Lagoinha desde sua ordenação, em 2017, liderando o ministério Recomeço, que actua dentro e fora dos presídios da capital mineira e região metropolitana. Antes disso, já havia sido acolhido como ovelha e servia como voluntário nas mais diversas áreas, sempre lidando com os desprezados e marginalizados”, diz o comunicado.

“Em sua caminhada como pastor, Guilherme viveu longe dos grandes púlpitos. Não era visto pregando para multidões, mas actuava diariamente nas mais diversas obras com aqueles que a sociedade, muitas vezes, prefere jogar para escanteio. Guilherme testemunhou a possível transformação que há em Jesus. O recomeço reservado para todos aqueles que nele crêem”, acrescenta a mesma nota.

Antes de a igreja emitir este comunicado, o pastor Márcio Valadão dirigiu algumas palavras ao colega de congregação, através de uma transmissão em directo, nas redes sociais. “É um moço que a sociedade não compreende porque praticou aquele crime da Daniella Perez. Mas ele se converteu. Era uma lagarta que virou borboleta. Ele dentro de casa agora caiu e morreu. Caiu e morreu”, disse, com um semblante satisfeito.

Guilherme de Pádua ganhou projecção no Brasil com a novela “De Corpo e Alma”, exibida pela Globo no início da década de 1990. Nela, fazia par romântico com Daniella Perez. No dia 28 de Dezembro de 1992, o corpo da actriz de 22 anos foi encontrado num matagal na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, com 18 golpes, a maioria concentrados na região do coração.

Este ano, para assinalar os 30 anos da morte da actriz, estreou um documentário sobre o caso no canal de streaming HBO, intitulado Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez, para o qual foram ouvidos familiares e amigos da jovem, como a mãe, Gloria Perez, o ex-marido, Raul Gazolla, Fábio Assunção e outras celebridades da ficção brasileira.

O ex-actor não foi entrevistado para esta produção. Antes que alguém questionasse a opção, Gloria Perez e os realizadores Tatiana Issa e Guto Barra declararam que a versão de Guilherme de Pádua sobre o que aconteceu está nos autos do processo e que falar com ele para o documentário seria “dar palco a um psicopata” e causar ainda mais danos à vítima. Quando da estreia da série, o então pastor declarou que aquela era parcial.

Em Agosto passado, o ex-actor decidiu pedir desculpa a Gloria Perez num vídeo, onde diz que preferia tê-lo feito pessoalmente, mas na impossibilidade de o fazer, declara, dirigindo-se à autora e mãe da actriz: “Eu te peço perdão por todo o sofrimento que te causei.”

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Daniella Perez e o marido, o actor Raul Gazolla, 15 anos mais velho que a actriz HBO Max

O ex-actor estende o pedido de desculpas ao marido de Daniella Perez, Raul Gazzola, que logo após o crime o terá recebido com um abraço, quando Pádua chegou à esquadra, desconhecendo o seu envolvimento no crime. “Ali vi que eu era a pior pessoa do mundo. Nunca na minha vida eu senti algo como naquele momento”, acrescenta no vídeo o pastor que foi apoiante de Bolsonaro.


Exclusivo PÚBLICO/Folha de São Paulo
Adaptação: Bárbara Wong

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