Inter: uma equipa de traços incomuns no caminho do FC Porto

É uma equipa que gosta de defender com um bloco baixo, mas isso não a impede de ser especialmente forte na criação de oportunidades de golo. É com este paradoxo que o FC Porto terá de trabalhar.

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Jogadores do Inter na Liga italiana Reuters/MASSIMO PINCA

Há casos em que as estatísticas permitem concluir informações claras sobre as equipas. Outros há em que olhar para os números se revela um exercício enganador e, portanto, a precisar de interpretação cuidada. É o caso do Inter de Milão, equipa que vai defrontar o FC Porto na Liga dos Campeões e sobre a qual é necessária cautela a analisar as tendências estatísticas.

Nesta Liga dos Campeões, o Inter alternou entre jogos competentes e outros longe disso. Mas houve algo transversal a quase todas as partidas: trata-se de uma equipa confortável em levar o jogo para a zona central do campo.

Os italianos utilizam muito pouco os corredores para canalizar o seu jogo ofensivo (equipa da Champions que mais ataca pelo meio), algo que decorre do facto de, mais do que um 3x5x2, utilizarem frequentemente um desenho mais próximo do 5x3x2, tal é a parca profundidade dada pelos laterais (Dumfries vai tentando quebrar essa lógica, mas não chega, até porque o alemão Gosens tem sido uma desilusão).

Lukaku assusta

O Inter é, de resto, a quarta equipa da Champions que mais tempo passa no seu terço do campo e é aqui que se justifica prudência: pode ter um bloco bastante baixo, mas, segundo o Fotmob, consegue, mesmo assim, ser a terceira que mais oportunidades claras de golo cria.

Mesmo tendo médios como Mkhitaryan, Barella ou Çalhanoglu, a equipa de Simone Inzaghi não tem pudor em jogar um futebol directo (é das que mais bolas longas utiliza), usando o poder físico de Dzeko.

Porém, não poucas vezes, tem tido Lautaro Martínez e Correa, jogadores de perfil que não recomenda esse tipo de jogo. Daí decorre o paradoxo futebolístico sobre esta equipa (e possivelmente as dificuldades que tem tido na Liga italiana, com o sétimo lugar), até porque tem estado quase sempre refém do seu principal jogador, Lukaku.

E esta é uma dimensão importante, já que o belga deverá, em Fevereiro e Março, já estar com um nível físico adequado, após as lesões. E é, como se sabe, um jogador cujo poder físico e técnico muda, praticamente sozinho, o curso de um jogo.

Bloco baixo

Defensivamente, o Inter tem traços que podem obrigar o FC Porto a ir para um plano de jogo diferente do habitual.

Os italianos são a equipa da Champions que mais cruzamentos permitem aos adversários, até porque sabe que tem três centrais “duros de rins”, mas muito fortes no jogo aéreo e na antecipação, sobrepovoando a zona central do campo.

O problema para o FC Porto é que o futebol portista carece precisamente de jogo entre linhas, triangulações pela zona central e espaço nas costas da defesa.

Há, portanto, uma missão: “chamar” a linha defensiva do Inter e tirá-la do conforto do bloco baixo. Aí, Taremi, Pepê, Galeno e Otávio poderão prosperar.

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