Kiev prepara-se para retirar população em caso de apagão total

O bombardeamento generalizado pelas forças russas de infra-estrutura de energia crítica em todo o país continua, com 40% da infra-estrutura de energia da Ucrânia danificada ou destruída actualmente.

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Cerca de 40% da infra-estrutura de energia da Ucrânia está danificada ou destruída ROMAN PILIPEY/EPA

As autoridades de Kiev começaram a planear a retirada dos três milhões de habitantes da capital ucraniana caso venha a acontecer um apagão total. O presidente da câmara da cidade, Vitali Klitschko, apelou mesmo aos cidadãos para se prepararem para o pior.

“Estamos a fazer tudo para evitar que tal aconteça. Mas, sejamos francos, os nossos inimigos estão a fazer tudo para que a cidade fique sem aquecimento, sem electricidade, sem abastecimento de água, para que morramos todos”, disse Klitschko aos media locais. “O futuro do país e o futuro de cada um de nós depende de como estamos preparados para as diferentes situações”, acrescentou.

O autarca da capital ucraniana pediu também à população que começasse a armazenar alimentos e outros bens essenciais. “Peço a todos que comecem a acumular água potável, fontes de energia, alimentos e roupas de protecção”, afirmou Klitschko. Os serviços meteorológicos da Ucrânia adiantaram que Kiev começará a registar temperaturas nocturnas abaixo de zero a partir da próxima quarta-feira.

“Caso caia geada forte e não haja abastecimento de água quente, para que as canalizações não se rompam e o sistema não pare de funcionar, elaborámos um plano para a drenagem de água do sistema”, explicou Klitschko, citado pela agência Ukrinform.

A notícia de que as autoridades estariam a preparar a evacuação da capital foi veiculada pelo New York Times, dando conta dos preparativos para lidar com a falta de energia. Funcionários municipais estão a montar 1000 abrigos que poderão funcionar como bunkers, enquanto engenheiros tentam consertar as estações de energia danificadas sem o equipamento necessário, relata o jornal.

O bombardeamento generalizado pelas forças russas de infra-estrutura de energia crítica em todo o país continua, com 40% da infra-estrutura de energia da Ucrânia danificada ou destruída actualmente.

A concessionária nacional de energia da Ucrânia disse, no sábado, que continuará a impor apagões temporários em sete regiões do país para tentar evitar que a rede falhe completamente.

“Se a Rússia continuar com estes ataques, podemos perder todo o nosso sistema eléctrico”, disse Roman Tkachuk, director de segurança do governo municipal de Kiev, citado pelo New York Times.

Apoio europeu

A presidente da Comissão Europeia informou entretanto o Presidente da Ucrânia da proposta para apoiar o seu país, com empréstimos de 1,5 mil milhões de euros mensais, até um total de 18 mil milhões de euros, durante 2023.

Em comunicado, a Comissão Europeia disse que a conversa telefónica entre os dois dirigentes, Ursula von der Leyen e Volodymyr Zelensky, esteve focada em como “garantir apoio financeiro à Ucrânia nos próximos meses”, devido à importância, reconhecida por ambos, de “garantir um financiamento previsível e regular”.

O dinheiro seguirá para Kiev na forma de empréstimos de longo prazo em condições “muito favoráveis”, e o objectivo é também “apoiar as reformas da Ucrânia e o seu caminho para a adesão à UE”, adiantou a Comissão.

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