Foguetão chinês caiu no Pacífico. Reentrada não controlada suspendeu voos em Espanha

Reentrada na atmosfera de um foguetão chinês obrigou a suspender voos em Espanha. O espaço aéreo português não esteve fechado e não se registaram impactos no funcionamento dos aeroportos portugueses.

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A paragem deverá afectar a operação diária do aeroporto de Barcelona Reuters/NACHO DOCE

A reentrada não controlada de parte de um foguetão chinês na atmosfera esteve, na manhã desta sexta-feira, a afectar o espaço aéreo espanhol. O foguetão entrou na atmosfera terrestre na zona do Pacífico Sul, de acordo com o exército norte-americano.

O objecto espacial CZ-5B sobrevoou, durante cerca de uma hora, o espaço aéreo espanhol. De acordo com o El Mundo, os aeroportos da Catalunha foram os mais afectados.

A Protecção Civil espanhola alertou que os voos na Catalunha estariam “totalmente” restringidos durante 40 minutos, “devido ao risco associado pela passagem de um objecto espacial CZ-5B que atravessa todo o espaço aéreo espanhol”. Os voos entre as 9h38 locais (menos uma hora em Portugal continental) até às 10h18 foram os mais afectados.

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De acordo com o mesmo jornal, o aeroporto de Barcelona suspendeu todas as partidas e chegadas durante uma hora – o que poderá afectar todos os horários do resto do dia.

Aeroportos em Portugal funcionam com normalidade

Em Portugal, a NAV, a entidade pública responsável pela gestão do espaço aéreo, recebeu as orientações das autoridades e reservou uma parte do espaço aéreo — uma zona de altitude elevada onde habitualmente os aviões não circulam —, informando as companhias aéreas. O espaço aéreo não esteve fechado e não se registaram impactos no funcionamento dos aeroportos portugueses.

Observando os sites da ANA - Aeroportos de Portugal, as chegadas e as partidas nos aeroportos de Lisboa e Porto parecem estar a decorrer com normalidade.

De acordo com o EU SST, sistema de vigilância e rastreio espacial da União Europeia, “a probabilidade estatística de um impacto em áreas povoadas” da Terra era “baixo”.

As autoridades chinesas deixaram cair, sem controlo, uma parte de um foguete usado na última fase do seu programa espacial. O Longa Marcha 5B (CZ-5B) descolou a 31 de Outubro do sul da China para levar o último módulo da estação espacial chinesa actualmente em construção. A expectativa era que a maior parte dele ardesse na reentrada, embora haja sempre preocupações de que pedaços consideráveis possam “sobreviver”, escreve a Reuters.

Trata-se de um módulo de 20 toneladas, que, em fricção com a atmosfera se deverá desintegrar. A sua órbita caótica fez com que fosse difícil calcular as áreas na Terra que poderiam ser mais afectadas, mas sabia-se que a sua órbita de entrada iria passar por cima de vários países do sul da Europa, detalha o El País.

Este foi o quarto voo do Longa Marcha 5B desde o seu lançamento inaugural em Maio de 2020, detalha a Reuters. No seu primeiro lançamento, alguns fragmentos do foguetão aterraram na Costa do Marfim, danificando edifícios, embora não tenha havido feridos. Os detritos do segundo voo aterraram inofensivamente no Oceano Índico, enquanto os restos do terceiro caíram no Mar de Sulu, nas Filipinas.

A reentrada do foguete na atmosfera é uma prática internacional comum, disse Zhao Lijian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, numa conferência de imprensa esta sexta-feira, quando lhe perguntaram se a China tinha tomado medidas para reduzir os riscos. “Entende-se que o tipo de foguete que mencionou utiliza tecnologia especial concebida para que a grande maioria dos componentes seja destruída durante a reentrada na atmosfera, e a probabilidade de causar danos às actividades da aviação e ao solo é extremamente baixa”, disse Zhao Lijian.

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