Japão manda população abrigar-se após disparo de um suposto míssil intercontinental norte-coreano

Exército sul-coreano suspeita que o ensaio balístico com um míssil Hwasong-17 tenha fracassado. Tóquio perdeu o rasto ao projéctil e emitiu um alerta para três prefeituras.

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Televisões na Coreia do Sul dão notícias sobre mais um ensaio balístico norte-coreano EPA/JEON HEON-KYUN

A Coreia do Norte continua a testar os nervos dos seus rivais na região oriental do continente asiático e, em resposta aos exercícios militares conjuntos da Coreia do Sul e dos Estados Unidos, disparou mais três mísseis balísticos nesta quinta-feira, que levaram as autoridades japonesas a ordenarem a população de três prefeituras do país a procurar abrigo, informando que um dos projécteis tinha sobrevoado o território.

Fonte do Ministério da Defesa da Coreia do Sul disse à agência noticiosa sul-coreana Yonhap que se suspeita que um dos mísseis disparados pela Coreia do Norte seja do modelo Hwasong-17 – um sistema de míssil intercontinental (ICMB), supostamente com capacidade para transportar ogivas nucleares e com um alcance estimado de 13 mil quilómetros.

Seul e Tóquio também suspeitam, porém, que esse ensaio específico tenha fracassado e que o projéctil se fragmentou algures no mar do Japão, localizado entre a península coreana e o território japonês.

Citado pela Reuters, o ministro da Defesa japonês, Yasukazu Hamada, assumiu que o Exército perdeu o rasto do projéctil quando este sobrevoava o mar do Japão e que, por isso mesmo, decidiu emitir um alerta às populações de Miyagi, Yamagata e Niigata, através do sistema J-Alert.

A informação de que o míssil tinha sobrevoado o Japão foi, entretanto, corrigida. “Depois de verificada a trajectória [do míssil], confirmámos que não sobrevoou o Japão”, disse Hamada.

De acordo com as autoridades sul-coreanas, este é o sétimo míssil ICBM disparado pelo regime de Kim Jong-un este ano e o primeiro desde Maio. Seul nota, no entanto, que os ensaios com o Hwasong-17 não têm sido sempre bem-sucedidos – em Março já tinham dado conta de outro teste falhado com este tipo de projéctil.

O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul informou que o míssil ICBM desta quinta-feira foi disparado a partir de região de Sunan, nos arredores da capital norte-coreana, Pyongyang, e onde está localizado o principal aeroporto internacional do país.

O míssil percorreu cerca de 760 quilómetros de distância e atingiu uma velocidade máxima Mach 15 – o número Mach corresponde à relação entre a velocidade de um objecto e a velocidade do som – antes de se despenhar no mar do Japão.

“Este lançamento é uma clara violação de múltiplas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, denunciou Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado norte-americano.

A Coreia do Sul informou ainda que foram disparados outros dois mísseis, mas de curto alcance, a partir da província de Kaechon, a Norte de Pyongyang. Terão voado durante cerca de 330 quilómetros, a uma velocidade máxima Mach 5.

No que toca a ensaios com mísseis de curto alcance, a Coreia do Norte continua a bater recordes, com dezenas de disparos só em 2022.

Na quarta-feira lançou mesmo 23 mísseis, o maior número de sempre num só dia, incluindo um míssil que cruzou a fronteira marítima com a Coreia do Sul, pela primeira vez desde o armistício que suspendeu a Guerra da Coreia, em 1953.

Todos estes ensaios e provocações da Coreia do Norte, somados às informações recolhidas pelos serviços secretos norte-americanos, sul-coreanos e japoneses, fazem antecipar um potencial ensaio nuclear, que o regime de Kim tem vindo a garantir que está a ser preparado.

Em resposta aos ensaios balísticos dos últimos dias, a Força Aérea sul-coreana anunciou que os exercícios militares conjuntos com os EUA, que deveriam ter terminado esta quinta-feira, se vão prolongar, pelo menos, até sexta-feira.

“Perante a actual crise securitária que está a escalar por causa das provocações norte-coreanas, é necessária uma forte posição de defesa combinada da aliança ROK[República da Coreia]-EUA”, justificou a Força Aérea da Coreia do Sul, num comunicado, citado pela Reuters.

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