Alemanha depende da China em matérias-primas mais do que dependia do gás russo

China produz e processa matérias-primas essenciais para a transição energética, do lítio ao tungsténio.

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Para fazer a descarbonização, a Alemanha depende das matérias-primas de outros países, incluindo a China EPA/FRIEDEMANN VOGEL

Quando a discussão na Alemanha se centra nas lições aprendidas com a invasão russa da Ucrânia e do perigo de dependências, surgiu um aviso: o país está dependente de outros para o fornecimento de matérias-primas que são essenciais para a descarbonização, do lítio ao tungsténio. E um dos países de que a Alemanha é dependente é a China.

O presidente da Confederação de Indústrias alemãs (BDI), Siegfried Russwurm, disse à agência alemã DPA que a dependência alemã de matérias-primas essenciais, especialmente da China, é maior ainda do que a de petróleo e gás natural. “A corrida para matérias-primas importantes já começou e a toda a velocidade”, declarou, citado pela DPA. “A Alemanha e a Europa estão em risco de perder fontes importantes na competição com outros países. O resultado: as dependências estão a aumentar”, disse Russwurm. Numa peça sobre a questão o jornalista da televisão pública ARD Till Bücker resume: “Sem [estas] matérias-primas não há transição energética, não há mobilidade eléctrica, não é digitalização.” Tudo prioridades da Alemanha.

“Temos ramos em que há dependência de 100% de importações”, declarou Matthias Wachter, da BDI, à rádio Deutschlandfunk. “Para dar um exemplo, temos uma dependência de quase 100% de importações de terras-raras [um grupo de 17 elementos minerais] da China.”

A China não só é produtora de muitas matérias-primas essenciais para a transição energética, como processa ainda muitas de outros países, desde o lítio da América do Sul ou cobalto da República Democrática do Congo, diz a Deutschlandfunk.

A Comissão Europeia tem uma estratégia para as matérias-primas, com 23 elementos identificados como essenciais para a transição energética, baterias e robótica, e quer ainda evitar a dependência da China na energia solar. A China produz cerca de dois terços dos painéis solares do mundo – e, lembra a Deutschlandfunk, o silício que é usado nos painéis vem todo da China.

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