Centenária Ach. Brito está de volta à família

Aquiles de Brito tinha 22 anos quando, em 1994, comprou ao resto da família uma empresa à beira da falência. Agora, aos 50, voltou ao início do ciclo e resgatou a Ach. Brito a um fundo do Novo Banco.

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Aquiles de Brito cedeu o lugar de accionista maioritário em 2015 DR

“É com muito orgulho que anunciamos que a Ach. Brito volta a ser integralmente detida pela família que lhe deu origem e emprestou o nome.” O anúncio, publicado nas redes sociais com o título “De regresso a casa”, informa que a operação foi realizada “na pessoa de Aquiles de Brito, bisneto do fundador da empresa”, depois de a centenária empresa ter sido, há duas semanas, absorvida pelo fundo FCR PME Novo Banco, gerido pela Haitong Global Asset Management.

Mas a perda do controlo familiar da empresa deu-se mais atrás, depois de o empresário Aquiles de Brito, que com apenas 22 anos tomou a decisão, em conjunto com a irmã, de ficar com o negócio, perceber que o crescimento passava por essa decisão. Assim o fez em 2015 (anos antes, em 2008, já tinha lançado o isco a investidores), quando deixou de ser o accionista principal, cedendo esse lugar, e 65% das acções, à Menlo Capital, uma sociedade de capital de risco.

O bisneto do fundador manteve-se como segundo accionista da empresa e ligado à administração, com 20% do capital, enquanto os 15% remanescentes estavam associados a um fundo do Novo Banco, gerido pela Haitong Global Asset Management. A edição nacional da revista Forbes avaliava, em 2017, que “com novo accionista, a Ach. Brito tem um espírito de startup para impulsionar as vendas e os lucros, mas ‘sem estragar’ a centenária marca de Vila do Conde”.

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A Ach.Brito inclui as marcas de sabonetes e outros produtos de higiene pessoal Claus Porto e Musgo Real Inês Fernandes (arquivo)

Até que, no último mês, 100% das acções da Ach. Brito, que inclui as marcas de sabonetes e outros produtos de higiene pessoal Claus Porto e Musgo Real, passaram para o fundo de capital de risco​ FCR PME Novo Banco ​pelo valor simbólico de um euro depois de a dívida ter sido convertida em capital.

Agora, a empresa, que emprega cerca de 80 funcionários entre a fábrica de Fajozes, freguesia do concelho de Vila do Conde, e as três lojas próprias (duas em Lisboa, nas ruas do Carmo e da Misericórdia, e uma no Porto, na Rua das Flores​), regressa às mãos da família.

Nas redes sociais, a empresa mostra-se optimista: “Mal podemos esperar pelos próximos capítulos desta história centenária, que continuaremos a escrever com os mesmos valores, ambição e dedicação que nos conduziram até aqui.”

Foi em 1887 que os alemães radicados em Portugal Ferdinand Claus e George Schweder criaram a original fábrica de sabonetes, no Porto. Mas, em 1925, depois de os sócios originais terem voltado para a Alemanha, Achilles de Brito, que entrara para a Claus & Schweder como guarda-livros, adquiriu a companhia, através da sua firma Ach. Brito, num negócio que incluiu a passagem da fábrica e dos equipamentos, tendo tido a sua época dourada nos anos 50 do século passado.

Depois do 25 de Abril de 1974, parte dos negócios de família foram nacionalizados, mas a entrada em cena da distribuidora americana Lafco, no início da década de 1990, viria a relançar a marca, sobretudo nos mercados internacionais.

Os sabonetes chegaram até a aparecer no programa da Oprah Winfrey — algo que gerou um enorme volume de encomendas, para o qual, lembrou Aquiles de Brito ao PÚBLICO, numa conversa por altura do 130.º aniversário, não estavam prontos.

Já em Portugal, a Claus Porto viria a abrir uma loja em Lisboa, em 2016, e uma loja-museu, no centro do Porto, meses depois. Em 2018, inaugurou uma montra nova-iorquina.

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