Exército da Somália ataca Al-Shabab depois de duplo atentado em Mogadíscio

As explosões aconteceram no sábado numa zona da capital muito movimentada, onde há cinco anos houve o atentado mais mortífero de África.

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As explosões dos carros em Mogadíscio causaram pelo menos 100 mortos e 300 feridos SAID YUSUF WARSAME/EPA

O Exército da Somália lançou um ataque contra um dos maiores bastiões do grupo extremista islâmico Al-Shabab um dia depois de um duplo atentado em Mogadíscio ter provocado mais de 100 mortos e cerca de 300 feridos. A acção militar em Ali Gadud terminou com “mais de 100 milicianos e líderes extremistas” mortos, disse o Exército em comunicado.

No sábado, as explosões de dois carros-bomba junto ao Ministério da Educação da Somália e a uma escola, em Mogadíscio, causaram 104 mortos e 269 feridos, segundo o balanço mais recente feito pela autarquia da cidade. O Presidente do país, Hassan Sheikh Mohamud, visitou este domingo o local do duplo atentado e avisou que o número de vítimas pode ainda subir.

O Al-Shabab reivindicou a autoria da acção e Mohamud garantiu que o país “vencerá este grupo radical”. Entre as vítimas estão “mães que tinham os seus filhos nos braços, pais com problemas médicos, estudantes, comerciantes que tentavam alimentar as suas famílias”, denunciou o chefe de Estado.

À agência Reuters, o porta-voz da polícia Nur Farah explicou que o primeiro carro explodiu perto do ministério e que o segundo rebentou quando as ambulâncias e os transeuntes já se aproximavam para auxiliar as vítimas do primeiro ataque.

O local do ataque é o mesmo onde houve um atentado em Outubro de 2017 que provocou mais de 500 mortos e que é, até hoje, o atentado mais mortífero cometido no continente africano. Trata-se de um cruzamento muito movimentado, onde frequentemente se juntam muitas pessoas a comprar e vender todo o tipo de coisas. “É o mesmo sítio e são os mesmos inocentes”, lamentou Hassan Sheikh Mohamud, denunciando o ataque como “cruel e cobarde”.

“Os hospitais estão saturados, a situação está fora de controlo”, disse à rádio francesa RFI o dono da única companhia privada de ambulâncias da Somália, Abdul Khadeer Adhen, acrescentando que “há muitos feridos por tratar e muitos cadáveres por recolher”.

O Al-Shabab tem ligações à Al-Qaeda e na última década tem realizado ataques mortíferos em Mogadíscio e noutros locais da Somália. Um dos mais recentes, em Agosto, consistiu na tomada de um hotel na capital, onde acabariam por morrer 21 pessoas. O Presidente somali declarou então “guerra total” ao grupo extremista, que no princípio de Outubro perdeu um dos seus fundadores durante uma operação do Exército.

A Somália é um dos países mais pobres do mundo, em que metade da população (cerca de oito milhões de pessoas) precisa de ajuda humanitária para sobreviver. O país viu a sua já débil situação piorar significativamente com o eclodir da guerra na Ucrânia (e as dificuldades no escoamento de cereais) e com a seca severa que atinge a África Oriental.

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