Pintura de Mondrian exposta ao contrário há 77 anos

Apesar da descoberta, a historiadora Susanne Meyer-Bueser defende que obra New York City I deve continuar a ser apresentada da forma errada, para não correr o risco de se desintegrar.

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Detalhe da obra "New York City I", que foi exposta em 1945 no MoMA

New York City I, obra do célebre pintor dos Países Baixos Piet Mondrian (1872-1944), tem sido pendurada em vários museus de pernas para o ar desde a primeira vez que foi exposta, em 1945 no MoMA – Museu de Arte Moderna de Nova Iorque.

A descoberta foi feita pela historiadora de arte e curadora Susanne Meyer-Bueser quando estava a iniciar a sua investigação sobre o trabalho de um dos mais importantes e influentes pintores do século XX, no âmbito de uma nova exposição no Museu Kunstsammlung Nordrhein-Westfalen, em Dusseldorf, Alemanha, onde New York City I pode ser vista desde 1980. A obra consiste numa encruzilhada geométrica de fitas adesivas amarelas, vermelhas, pretas e azuis, imagem de marca de Mondrian.

“O espessamento da grade deve estar no topo, como um céu escuro”, explicou a historiadora e investigadora ao jornal inglês The Guardian. “Assim que falei na minha interpretação a outros curadores, percebemos que era muito óbvio. Estou 100% certa de que a imagem está ao contrário.” Para validar esta teoria, Susanne Meyer-Bueser apontou também o facto de haver uma fotografia de Mondrian no seu estúdio, tirada pouco antes de morrer, em que se vê esta obra colocada com a concentração das fitas para cima.

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A obra vai estar esxposta a partir deste sábado no âmbito de uma nova exposição no Museu Kunstsammlung Nordrhein-Westfalen, em Dusseldorf, Alemanha

Apesar de se ter chegado a uma conclusão aparentemente consensual, Susanne Meyer-Bueser defende que o quadro deve continuar a ser exposto ao contrário de forma a evitar eventuais danos, dado o estado débil das fitas.

“As fitas adesivas já estão extremamente soltas; estão penduradas por um fio. Se virássemos a obra, a gravidade iria puxá-las para outra direcção”, explicou a historiadora e investigadora ao The Guardian. E este erro, acrescentou, “já passou a fazer parte da história da obra”. Prova disso é que New York City I continuará de pernas para o ar na exposição Mondrian.Evolution, que inaugura este sábado no Museu Kunstsammlung Nordrhein-Westfalen e fica até Fevereiro de 2023.

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