PS volta ao ataque a Rangel e PSD por causa do aumento dos juros do BCE

Eurico Brilhante Dias conta que o PPE propôs que o Parlamento instasse o BCE a aumentar rapidamente as taxas de juro.

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Eurico Brilhante Dias, líder da bancada parlamentar do PS Daniel Rocha

Depois de a posição da bancada do Partido Popular Europeu, onde se integra o PSD, sobre o aumento das taxas de juro ter servido de arma de arremesso dos socialistas aos sociais-democratas na discussão do Orçamento do Estado para 2023, Eurico Brilhante Dias volta agora ao ataque para contradizer Paulo Rangel. O líder parlamentar do PS exigiu ao eurodeputado “seriedade” e que não diga uma coisa aos portugueses e faça o contrário em Bruxelas, onde “votou globalmente a favor” do projecto.

A versão final da resolução sobre a resposta da União Europeia ao aumento dos preços da energia na Europa acabou por não ter qualquer referência ao aumento das taxas de juro por parte do Banco Central Europeu, mas a bancada do PPE, de que Paulo Rangel é um dos vice-presidentes, fizera uma proposta de emenda à resolução para incluir uma alínea dizendo que “o BCE deve aumentar as taxas de juro, tal como pede que esse aumento seja rápido”. Além disso, “todas as condições de que falava Paulo Rangel caíram, não existem”, acusou Brilhante Dias.

Quando Brilhante Dias acusou os sociais-democratas de apoiarem a subida das taxas de juro, Paulo Rangel veio defender-se no Twitter afirmando que os deputados do PSD não apoiaram a posição do PPE e que, ainda assim, esta bancada europeia limitava o aumento das taxas de juro a três condições: a manutenção das previsões económicas, a proporcionalidade tendo em conta as condições das famílias e empresas e impacto na economia, e ainda a protecção dos juros da dívida pública dos países periféricos como Portugal.

Essas condições acabaram por não ser incluídas na última proposta de alteração que o PPE fez, dizendo o texto, datado de 4 de Outubro: “Solicita ao BCE que acelere a sua velocidade e determinação em aumentar as taxas de juro enquanto as suas previsões se mantiverem inalteradas; insta o BCE a desenvolver uma estratégia de comunicação credível, apoiada por uma acção rápida e tangível para convencer os cidadãos europeus de que o assunto é sério quando se trata de combater a inflação.”

Esta proposta de alteração foi chumbada pelos restantes partidos. Mas serve para Eurico Brilhante Dias insistir que o PPE “propôs, incentivou o BCE a aumentar as taxas de juro que são pagas pelas pessoas e pelas empresas”.

“Na sua declaração de voto, Paulo Rangel sublinha que estas medidas de apoio extraordinárias às famílias e empresas devem ser circunscritas, excepcionais e limitadas no tempo. Este é o discurso que o BCE e Christine Lagarde fazem”, sublinha o socialista. “Temos em Lisboa os que dizem [PSD] que estão muito preocupados” com o aumento das prestações da casa e com as hipotecas, “e em Bruxelas apoiam o aumento das taxas de juro”. “É preciso alguma seriedade, honestidade e frontalidade na política”, vinca.

Brilhante Dias condena ainda os deputados do PSD Paulo Rangel e Cláudia Aguiar porque “não fazem qualquer menção à sua discordância em relação ao seu grupo parlamentar” nas declarações de voto que assinaram sobre a resolução do Parlamento Europeu. Brilhante Dias reforça que outros partidos votaram contra.

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