Associação quer levar 120 habitantes (e negócios) para uma aldeia transmontana

Estão previstos laboratórios com especialistas nas áreas da água, energia, bioconstrução, economia circular e alimentação, para os interessados em mudarem-se para Vilares da Vilariça.

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Adriano Miranda

Vilares da Vilariça, em Alfândega da Fé, vai ser durante cinco dias um laboratório para mostrar que é possível viver numa aldeia transmontana com os recursos existentes. A aldeia em Bragança foi a escolhida para o projecto-piloto da associação iLocal, explica Filipe Jeremias, que tem laços familiares nesta localidade e que é o mentor do projecto.

A ideia é conseguir convencer “150 pessoas” a mudarem-se para a aldeia “até 2030” e Filipe Jeremias aposta “no ano de 2023” para iniciar o “movimento migratório”, a começar por ele e pela família de mais cinco pessoas, disse à Lusa.

Um dos argumentos da associação é que existem soluções próprias a partir dos recursos existentes para viver nestes territórios, algumas das quais vão ser apresentadas nas jornadas que começam sexta-feira, 2com a expectativa de receberem “cerca de 500 pessoas” na aldeia com aproximadamente 120 habitantes.

“Estamos a propor regenerar a aldeia e promover o desenvolvimento local a partir das mais diversas aéreas, desde atracção de empregabilidade, turística, de desenvolvimento na área energética, educacional, é uma vasta área de propostas”, apontou.

Nos próximos dias, a associação propõe-se a mostrar que “é possível a partir dos recursos existentes, melhorá-los e fazer com que estes locais sejam mais sustentáveis”, pegando naquilo que já existe e, muitas vezes, não é valorizado. Ao longo de cinco dias, estão previstos cinco laboratórios, com especialistas em diferentes áreas, sobre a água, a energia, bioconstrução, economia circular e alimentação.

Segundo Filipe Jeremias, vão mostrar “como captar e reter melhor a água nos solos, fazendo paisagens de retenção de água” ou como é possível transformar esta numa aldeia sustentável do ponto de vista energético, a partir do Sol e da biomassa, com um biocompostor que vai produzir biogás suficiente para alimentar uma boca de um fogão.

As jornadas servirão também para mostrar projectos que podem ser desenvolvidos no interior como exemplo de modelo de negócio para se fixarem na aldeia, nas áreas de produção de insectos, cogumelos, chocolataria artesanal ou fabrico de aventais artesanais.

De acordo com o responsável, o financiamento deste projecto “é basicamente privado oriundo de vários parceiros”, entre os quais estão “os politécnicos de Bragança, Tomar e Portalegre, a Universidade do Porto” e empresas como a “Movera e Mota-Engil”.

A aposta é transformar Vilares da Vilariça numa “aldeia inteligente, um lugar mais sustentável, mais amigo, mais em contacto com a natureza, mas, sobretudo, olhar para o lugar onde as relações humanas são mais fraternas”, salientou Filipe Jeremias.

Ainda não há candidatos a fazer o “movimento migratório” para a aldeia, mas os promotores do projecto apostam no ano 2023 para iniciar o processo. Para o efeito, estão pensados “um evento relacionado com o nomadismo digital” e “contactos com o Brasil, concretamente pessoas com mais de 55 anos que se querem reformar mais cedo” e queiram investir neste território para passarem alguns meses.

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