Um urso morre por cada chapéu da Guarda Real britânica — até quando?, pergunta a Peta

O Ministério da Defesa insiste que os chapéus cerimoniais são um sub-produto do abate licenciado de ursos-negros no Canadá. Peta diz que há alternativas.

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Para fazer um chapéu da Guarda Real britânica é preciso abater um urso-negro selvagem, denuncia a Peta. Os guardas do Palácio de Buckingham, a residência oficial do rei, são conhecidos pelos casacos vermelhos e por estes chapéus altos e peludos que a organização não-governamental de defesa animal diz ainda serem feitos a partir do pêlo de ursos mortos no Canadá.

A 11 de Julho, os membros do Parlamento britânico voltaram a discutir a necessidade de mudar para pele falsa, depois de uma petição pública online recolher mais de 100 mil assinaturas. O chapéu cerimonial, que tapa os olhos dos militares, chama-se, literalmente, “bearskin” (pele de urso) e é usado desde o século XVII. Voltou a estar em destaque no funeral da rainha Isabel II e, sendo o novo rei Carlos III um auto-intitulado ambientalista, o uso de pele de animais selvagens para fazer peças de uniforme militar voltou a ser discutido, inclusive por muitas pessoas nas redes sociais, embora a Peta já tenha uma campanha sobre o assunto desde 2003.

Entre 2014 e 2019, o ministério da Defesa do Reino Unido comprou 891 chapéus cerimoniais, de acordo com dados da Peta. Em 2020, o exército inglês comprou 110 chapéus, num total de 167 mil euros (cada chapéu custa, em média, 1520 euros), segundo os números que forneceu à Peta.

O Independent escrevia, em 2021, que o Governo gastou mais de um milhão de libras (cerca de mais de um milhão e 160 mil euros) em chapéus de pêlo de urso para os militares, em sete anos.

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Faye Winter, concorrente em reality shows ingleses, na campanha da PETA PETA
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O actor Ricky Whittle, numa campanha da PETA PETA

A organização de direitos dos animais defende que este é um uso desnecessário do dinheiro dos contribuintes, especialmente quando existem alternativas mais amigas dos animais, escrevem. A Peta, em conjunto com a Ecopel, uma empresa de peles falsas de luxo, apresentou “o primeiro pêlo de urso falso do mundo que é praticamente indistinguível das peles de urso reais”. A empresa de pele disponibilizou-se a fornecer o material gratuitamente, até 2030, ao Ministério da Defesa.

Em resposta à petição, o ministério salvaguardou que os ursos “nunca são caçados por encomenda” do Governo. “Os nossos fornecedores adquirem peles disponibilizadas pelas autoridades canadianas na sequência de um abate licenciado como parte de um programa para gerir a população de ursos selvagens”, disseram. “Portanto, qualquer redução no número de peles de urso adquiridas pelo ministério não equivaleria a uma redução do número de ursos a serem abatidos.”

A pele falsa já entra no guarda-roupa real e alguns dos chapéus mais pequenos e menos icónicos dos militares já são de materiais feitos pelo ser humano. No entanto, o Ministério da Defesa diz que a alternativa apresentada pela Ecopel “não cumpre, de facto, os padrões necessários para ser um substituto eficaz para os chapéus cerimoniais de pele de urso”.

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REUTERS/Henry Nicholls/Pool

Segundo a avaliação do ministério, o material, que deve ser impermeável, “mostrou taxas inaceitáveis de libertação de água e teve um mau desempenho na avaliação visual”.

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