Lucro da EDP sobe 1% para 518 milhões até Setembro

Produção hídrica ficou 63% abaixo do esperado e resultou em perda de 181 milhões de euros em Portugal nos primeiros nove meses do ano.

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A falta de água pesa nas contas da EDP Miguel Manso

O resultado líquido da EDP subiu 1% nos primeiros nove meses do ano, para 518 milhões de euros, embora acumulando um prejuízo de 181 milhões de euros na actividade em Portugal.

A empresa salienta que o crescimento foi “totalmente suportado pelo bom desempenho das operações internacionais” e destaca a actividade de energias renováveis na Europa e as operações de redes de electricidade no Brasil.

Em sentido contrário, a operação na Península Ibérica continuou a ser marcada por um decréscimo de produção hídrica, em particular em Portugal.

“A seca extrema (produção hídrica 63% abaixo do esperado) conjugada com os elevados preços de electricidade no mercado grossista Ibérico neste período (€186/MWh, +137%), foram o principal contributo para o resultado líquido negativo em Portugal”, revelou a empresa presidida por Miguel Stilwell de Andrade no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) subiu 21%, para 3046 milhões de euros, mas olhando apenas ao EBITDA dos “segmentos agregados de produção hídrica, serviços a clientes e gestão de energia na Ibéria sofreu uma queda de 55% para €196M [196 milhões de euros]”.

A razão, explica a EDP, é a “maior crise hídrica das últimas décadas, que gerou um desvio de 3,3 TWh [terawatt hora] na produção hídrica face ao expectável, num contexto de elevados preços grossistas de energia”. Com menos produção, a empresa é penalizada se tiver de comprar energia em mercado para dar resposta aos fornecimentos contratados com os clientes.

Segundo a eléctrica, o prejuízo causado pela queda da produção hídrica foi “parcialmente mitigado pelo aumento da produção térmica”, ou seja gás e carvão (só em Espanha), bem como por “resultados positivos com optimização de portefólio na gestão de energia”.

No caso da EDP Renováveis e do negócio de redes reguladas no Brasil, o EBITDA cresceu face ao homólogo, atingindo valores de 1482 milhões e 1136 milhões de euros, respectivamente.

No terceiro semestre de 2022, a dívida líquida da EDP estava nos 15.300 milhões de euros (mais 32% face a Dezembro de 2021), “reflectindo principalmente a aceleração do investimento, sobretudo em renováveis e redes de electricidade” e a “apreciação do real brasileiro e do dólar americano”.

A EDP destaca o facto de ter emitido dívida no montante de 2300 milhões este ano, em três emissões de obrigações verdes (uma das quais, de mil milhões, este mês), a uma taxa média de 3,3%. Refere também que a liquidez financeira já contando com a emissão de Outubro é de 10.300 milhões de euros, que cobrem as “necessidades esperadas de financiamento para lá de 2024”.

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