Presidente deu posse a Meloni, primeira mulher a liderar um Governo em Itália

O primeiro Governo a ser liderado por uma mulher em Itália conta com mulheres em apenas seis dos 24 ministérios. Meloni promete “competência” da coligação quando se perspectiva uma recessão económica no país.

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Girogia Meloni na cerimónia de tomada de posse com o Presidente Sergio Mattarella Reuters/GUGLIELMO MANGIAPANE

Giorgia Meloni tomou posse neste sábado de manhã como primeira-ministra de um Governo de extrema-direita, o primeiro dos últimos 80 anos na Itália, tornando-se na primeira mulher a liderar um Governo na Itália.

Aos 45 anos, Meloni, com o seu partido vencedor nas eleições de 25 de Setembro, Irmãos de Itália (FdI), lidera a coligação que junta o Força Itália, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, e a Liga do ex-vice-primeiro-ministro Matteo Salvini. Em menos de um mês, depois de vencer as eleições antecipadas de 25 de Setembro, a nova líder do Executivo negociou um Governo em tempo quase recorde para um país onde a formação dos governos é, por regra, morosa e difícil.

Para o seu partido, Meloni garantiu oito pastas ministeriais, enquanto o partido de Berlusconi fica à frente de seis ministérios, e a Liga de Salvini tem quatro. À frente das restantes pastas, foram nomeados técnicos. Além dos 24 ministérios, o Governo tem ainda um subsecretário da Presidência, Alfredo Mantovano, que tomará posse no primeiro Conselho de Ministros deste Governo, neste domingo de manhã. Contas feitas, este é um Governo formado essencialmente por homens: são 18 em 24 ministérios, ficando apenas seis pastas a cargo de mulheres.

"Cumprir a Constituição"

Na cerimónia de posse da primeira-ministra, e antes de selar o compromisso da indigitação, com um cumprimento ao Presidente, Sergio Mattarella, Meloni prestou juramento: “Juro ser fiel à República, cumprir lealmente a Constituição e as leis e exercer o meu mandato e as minhas funções no interesse exclusivo da nação”, afirmou perante todos os membros do seu Governo no Salão das Festas do Palácio do Quirinal, em Roma.

Um dos desafios desta coligação, que sucede a um governo de união nacional, liderado por Mario Draghi, está em assumir uma posição comum relativamente às relações transatlânticas, com a União Europeia e sobre a guerra na Ucrânia.

Sobretudo depois de, numa declaração que foi divulgada, Berlusconi ter elogiado o Presidente russo, Vladimir Putin, como “pessoa sensata e de paz”, ao mesmo tempo que atribuía as culpas da guerra à resistência ucraniana e ao Presidente Volodimir Zelensky.

Em forma de ultimato, Meloni veio exigir unidade e coerência no Governo, levando analistas a interrogarem-se sobre a viabilidade desta coligação.

“Numa coisa sempre fui e serei clara. Entendo guiar um Governo com uma linha de política externa clara e inequívoca. A Itália é a pleno título, e de cabeça erguida, parte da Europa e da Aliança Atlântica”, disse Giorgia Meloni. “Quem não estiver de acordo com esta pedra angular, não poderá fazer parte do Governo, mesmo à custa de não se formar Governo. A Itália, connosco no Governo, jamais será o elo fraco do Ocidente. (…) Sobre isto, exigirei clareza a todos os ministros.”

Seja como for, ao fim de dois dias de negociações partidárias para a atribuição das pastas ministeriais, Meloni declarou na sua conta do Twitter que a coligação estava “pronta para dar a Itália um Governo capaz de enfrentar as emergências e os desafios” actuais “com consciência e competência”.

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