Há peritos militares iranianos a ajudar russos na Ucrânia, diz a Casa Branca

Para além de fornecer drones a Moscovo, Teerão terá enviado militares para prestar apoio técnico nos ataques com estas armas.

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Moscovo destruiu ou danificou quase um terço das centrais eléctricas ucranianas OLEG PETRASYUK/EPA

Os Estados Unidos e a União Europeia denunciaram esta semana o uso de drones de origem iraniana por parte da Rússia na guerra com a Ucrânia, depois de uma série de ataques com drones kamikaze contra Kiev e outras cidades ucranianas no início da semana. Agora, a Administração de Joe Biden diz também que o Irão tem peritos militares no terreno, na Crimeia, para ajudar os russos a lançarem ataques com esses drones no resto da Ucrânia.

“Avaliamos que pessoal militar iraniano estava no terreno na Crimeia [a península ucraniana invadida e anexada por Moscovo em 2014] e assistiu a Rússia durante estas operações”, disse aos jornalistas o porta-voz do conselheiro para a Segurança Nacional da Casa Branca. Um “número relativamente” pequeno de iranianos estão a prestar apoio técnico e os russos operar os drones na Ucrânia, explicou John Kirby. “Teerão está agora envolvido directamente no terreno e através do fornecimento de armas que estão a ter impacto sobre os civis e as infra-estruturas civis na Ucrânia”, acusou.

Os Estados Unidos, acrescentou Kirby, vão “usar todos os meios” para “expor, deter e confrontar o fornecimento destas munições por parte do Irão contra os ucranianos”. Nos últimos dias, o Reino Unido e a União Europeia já anunciaram sanções contra iranianos por causa dos drones: depois de confirmar a entrega de material de fabrico iraniano durante o Verão através de informação reunida pelas autoridades ucranianas e os serviços da UE, Bruxelas anunciou que vai sancionar cerca de uma dezena de indivíduos e entidades envolvidos no fornecimento deste material a Moscovo.

Londres anunciou, entretanto, sanções contra três generais iranianos e a empresa Shahed Aviation, fabricante de drones, acusando-os de “instigarem a guerra” e de lucrarem com os ataques “repugnantes” da Rússia. Entre os visados está o principal chefe responsável militar da República Islâmica, chefe do Estado-maior das Forças Armadas, major general Mohammad Hossein Bagheri.

Kiev identificou os drones usados nos últimos ataques como os Shahed 136, uma arma iraniana que entrou oficialmente ao serviço dos militares o ano passado, conhecidos como kamikaze por serem destruídos durante o ataque. O regime iraniano nega que os drones sejam seus e garante que não fornece “quaisquer armas às partes da guerra na Ucrânia”

Mas segundo Kiev, Bruxelas e Washington, foi com estas armas, para além de mísseis, que Moscovo destruiu ou danificou quase um terço das centrais eléctricas do país nas últimas duas semanas, obrigando Kiev a restringir o acesso a electricidade pela primeira vez desde a invasão. Para já, o fornecimento será limitado ao período entre as 7h e as 23h, mas o Governo admite falhas temporárias se a população não reduzir o consumo.

Russos e iranianos têm há anos uma aliança de conveniência na Síria, onde apoiaram o ditador Bashar al-Assad contra a revolta iniciada pelos sírios em 2011. No terreno, militares dos dois países ajudaram Assad a esmagar a oposição em operações que causaram muitas baixas entre os civis e muita destruição nas cidades sírias.

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