Cancelada marcha que apelava à participação dos mais vulneráveis em Lisboa

Associação que co-organizava o evento em parceria com a Câmara de Lisboa fala em “terrorismo da medíocre política em Portugal”, depois de juntas socialistas e comunista terem anunciado que não iriam participar.

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Laurinda Alves esteve no centro da polémica Matilde Fieschi

Foi cancelada a marcha/caminhada e o piquenique que a Câmara Municipal de Lisboa (CML), em parceria com outras entidades, tinha prevista para o dia o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, que se assinala no dia 17.

Depois de Laurinda Alves, vereadora dos Direitos Humanos e Sociais, ter enviado um e-mail para as juntas de freguesia para que estas divulgassem e convocassem para o evento “as pessoas de maior vulnerabilidade social”, as freguesias socialistas e comunista anunciaram que não iriam participar no mesmo.

A Associação Impossible – Passionate Happenings, que co-organiza o evento, fala em “terrorismo da medíocre politica em Portugal”, depois da “confusão causada pelo e-mail” de Laurinda Alves às juntas de freguesia, que o presidente da associação diz ter sido “manipulado e distorcido”.

“Esta decisão (…) não se trata de um recuo, ou de um dar a razão a quem a não tem, nem nunca teve. Trata-se tão simplesmente de uma posição que não deseja de todo dar mais espaço ou tempo de antena ao terrorismo da medíocre política em Portugal, sempre pronto a dinamitar as pontes que as organizações vão conseguindo construir e erguer, com abnegado esforço”, diz a associação em comunicado.

No email, enviado no dia 29 de Setembro deste ano, às juntas de freguesia, é explicado que se pretendia “dinamizar, no período da manhã, actividades de diversas áreas (desporto, saúde, cultura, empregabilidade) junto à base do Parque Eduardo VII”, no lado esquerdo, no espaço relvado perto dos sanitários.

“O almoço, em formato ‘piquenique’, será distribuído aos grupos previamente inscritos, que receberão a senha de refeição no momento de chegada/acolhimento”, relatava.

Já o ponto de partida da caminhada/marcha era o Marquês de Pombal/topo da Avenida da Liberdade e o ponto de chegada seria o Arco da Rua Augusta

Das várias actividades marcadas para o dia, apenas se vai realizar o acto no Arco da Rua Augusta, junto ao local da Laje em honra das vítimas da miséria, que é uma réplica da que está no Trocadero de Paris, comemorativa do movimento que nasceu no dia 17 de Outubro de 1987.

No e-mail, Laurinda Alves escrevia por duas vezes que “a iniciativa é direccionada para pessoas em situação de vulnerabilidade social,”, facto que levou as freguesias socialistas e comunista a boicotarem o evento.

Henrique Pinto, que dirige Associação Impossible – Passionate Happenings, em declarações ao PÚBLICO lamentou o “burburinho e confusão” que se fez em torno da iniciativa que “tinha o apoio incondicional de todos”.

Explica ainda o cancelamento por, “depois da polémica sem senso que foi gerada”, a cobertura jornalista do evento se veria tentada “a alimentar a murmuração, o diz que disse, esquecendo o seu interesse público.”

“Impõe-se também declarar que chegará também o momento, um dia, em que a ignorância intelectual e ético-moral de alguns elementos da classe política em Portugal não condicionará, como tem constrangido, a agenda das organizações que em Portugal trabalham noite e dia pelo bem-estar de todos os residentes em Portugal”, acrescentou.

Desde 2002 que se assinala em Portugal o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza. Já a marcha/caminhada tem lugar, com algumas interrupções desde 2018. Henrique Pinto assegura que ela sempre foi aberta a toda a população e admite que “a confusão se iniciou com o e-mail de Laurinda Alves” às freguesias, afirmando, porém, que ele “foi politicamente manipulado”.

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