Zelensky anuncia candidatura de Odessa a Património Mundial da UNESCO

Num discurso dirigido ao Conselho Executivo da UNESCO, o presidente ucraniano oficializou a candidatura, que será agora avaliada na próxima reunião do Comité do Património Mundial.

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Zelensky a dirigir-se ao Conselho Executivo da UNESCO

A candidatura a Património Mundial do centro histórico da cidade portuária de Odessa, nas margens do Mar Negro, alvo recorrente dos bombardeamentos russos, foi formalizada esta terça-feira à tarde pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky num discurso pré-gravado em vídeo e endereçado aos 58 Estados membros do Conselho Executivo da UNESCO.

A directora-geral da organização, Audrey Azoulay, ex-ministra da Cultura francesa, sublinhou que a iniciativa de Zelensky “marca a confiança depositada nos mecanismos protecção da UNESCO”, cujo Comité do Património Mundial, composto de 21 Estados membros, deverá agora examinar esta proposta na sua próxima reunião.

“Devemos enviar um sinal claro de que o mundo não fechará os olhos à destruição da nossa história comum, da nossa cultura comum, da nossa herança comum”, afirmou Zelensky, apelando à preservação de Odessa, que descreveu – cita o jornal francês Le Figaro – como “uma bela cidade, um porto importante e uma fonte de cultura para milhões de pessoas em todo o mundo”.

Também Audery Azoulay observou que Odessa, o maior porto ucraniano, “é um cadinho de trocas e migrações” e “transporta um legado e uma história que ressoam por todo o mundo”.

Entre as várias jóias da arquitectura de Odessa, conta-se a monumental escadaria que assinala a entrada na cidade para quem chega por mar, cenário de uma célebre cena do filme Couraçado Potemkin, de Sergei Eisenstein.

Em comunicado de imprensa, a UNESCO realça que, a ser aprovada, esta candidatura não teria apenas valor simbólico, mas poderia contribuir para a protecção efectiva da cidade, na qual os bombardeamentos russos provocaram já centenas de mortes. “Em termos legais”, recorda a organização, “estabeleceria uma zona de protecção ampliada”, prevista na Convenção para a Protecção do Património Mundial Cultural e Natural, pela qual os Estados signatários, que incluem tanto a Ucrânia como a Federação Russa, se “comprometem a colaborar na protecção dos lugares incluídos na lista”, estando “obrigados a não adoptar nenhuma medida que possa danificar directa ou indirectamente o património” em causa.

“A inscrição na lista do Património Mundial abriria também o acesso a mecanismo de assistência internacional de emergência, tanto técnicos como financeiros, para reforçar a protecção do bem e ajudar à sua recuperação”, diz o comunicado da organização, que lembra que, até ao momento, não foi bombardeado nenhum dos sítios culturais ucranianos sob protecção da UNESCO.

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