Coitadinho do passo preso à perna sem ordem de soltura

As contas certas, o passo não ser maior que a perna, não passam de uma “justificação” para que os que vivem dos seus vencimentos se vejam interditados de melhorar as condições de vida.

A moda do passo e da perna made in Centeno pegou e quer António Costa, quer Fernando Medina lá vão nos seus passos ter com a perna, a qual, segundo esta liturgia, tem de ter um tamanho em que o passo nunca a poderá ultrapassar, como se não fosse a dita perna a dar o passo, colocando uma questão que Platão não imaginou, nem o seu venerado Sócrates: ou seja, pode uma perna dar um passo maior que aquele que dá?

Esta questão é tremenda e até hoje nenhuma escola política/filosófica foi capaz de resolver.

Em tempos idos um homem nascido em Santa Comba Dão aproximou-se deste intricado problema apresentando ao país subjugado uma versão em tudo similar, mas muito mais terra-a-terra, sem que se deixe de ter em conta que os passos curtos ou compridos assentam sobre a terra.

Ele, no seu jeito de chefe de família sem nunca o ter sido, por se ter casado com Portugal, criou as chamadas contas certas. A rubrica das despesas batia sempre certinho com a das receitas e para tanto um copinho de vinho e um punhado de azeitonas dava o sustento e uma casita pobrita e caiada constituía o ninho onde podiam repoisar os milhões de portugueses, salvo quando tiveram de ir bater com os custados na Guerra Colonial. Tudo certinho com as continhas que o homem do rol zelava por tudo e todos.

As contas certas inventadas pelos eurocratas de Bruxelas para amarrarem os países periféricos a serem-no eternamente não são bem contas, são contos para adormecer.

Na verdade, as únicas contas certinhas (e mesmo assim há quem duvide) eram as dos primórdios do Homo sapiens, que trocava um animal por outro animal diferente e tudo ficava certinho. Quem diz um animal diz um machado de sílex por instrumentos semelhantes.

Imagine-se no mundo moderno um empresário que empreende dar o seguinte passo – pede o que não tem, contrai um mútuo para investir e dar um passo muito maior que a antiga perna e sair-se bem. Elon Musk tem pernas até onde todos têm, mas não tem passo para comprar o Twitter e de passo dá o passo muito maior que as pernas e um sindicato bancário empresta-lhe o vil metal, milhares de milhões de dólares, que grande passo.

Como vemos, as contas certas, o passo não ser maior que a perna, não passam de uma “justificação” para que os que vivem dos seus vencimentos se vejam interditados de melhorar as condições de vida.

Isto é, enquanto a alguns é facilitado o passo de gigante, que quanto maior for melhor é para a economia, para todos os outros o passo tem de ser como o das gueixas, muito curtinho, para que a economia só prospere para os gigantes de perna longa.

A economia fabricada por Bruxelas de que Costa é seguidor (sabe-se lá porquê) vai espremendo os muitos que geram muito, e o que daí resultar serve para que o passo nada tenha a ver com a perna; dito de outro modo, todas os passos vão servir para as pernas gigantes como as de Musk ou similares.

A UE quer passinhos para os povos respetivos e verdadeiros papa-léguas para os que têm a fome por quase toda a Humanidade. Por isso, um por cento tem tanto quanto cerca de metade da Humanidade.

Passos para a diminuição de rendimentos ou contas certinhas são a mesma patranha para justificar que uma meia dúzia de tubarões enriqueçam à tripa-forra e todos os outros desde 2009 vejam, todos os dias graças a esses passinhos, a vida a piorar.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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