Açores querem ser distinguidos como destino sustentável de observação de cetáceos

Candidatura a Whale Heritage Site deverá ser apresentada até ao final do ano.

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Baleia avistada na ilha do Faial, Açores Manuel Roberto

Os Açores pretendem apresentar, até ao final de 2022, uma candidatura a “Whale Heritage Site”, uma distinção atribuída a destinos que promovem uma observação de cetáceos sustentável, revelou o biólogo da Universidade dos Açores José Azevedo.

“Todas as certificações que possamos ter, todos os sinais que possamos dar internacionalmente para a sustentabilidade e para o valor da actividade aqui acabam por se reflectir positivamente, quer na actividade, quer na própria região”, avançou, em declarações à Lusa, José Azevedo, um dos promotores da candidatura a esta certificação, concedida pela World Cetacean Aliance.

A candidatura, preparada desde 2015, parte de um grupo de voluntários, desde cientistas da Universidade dos Açores a empresários ligados à observação de cetáceos e a outras actividades turísticas, passando também por autarquias.

Segundo José Azevedo, a candidatura deverá ser entregue “até ao final do ano” e os Açores têm boas hipóteses de receberem esta certificação.

“A observação de cetáceos nos Açores é um exemplo a nível mundial”, frisou.

O biólogo sublinhou que a actividade foi regulamentada desde que se iniciou, numa colaboração entre empresários e cientistas, que envolveu sempre uma “preocupação com a sustentabilidade”.

A certificação irá “reforçar a sustentabilidade e a qualidade da experiência de observação de cetáceos nos Açores”, para além de promover o arquipélago como destino sustentável, defendeu o investigador da Universidade dos Açores.

Por outro lado, a candidatura “tem associado um processo contínuo de verificação de que se mantêm as condições iniciais”, o que implica um compromisso para que essa sustentabilidade se mantenha futuro.

José Azevedo admitiu a necessidade de acompanhar a evolução da actividade nos Açores, mas disse que a regulamentação tem partido sempre de um diálogo entre empresários e cientistas.

“Inicialmente, a observação de cetáceos era feita em semirrígidos. Esses semirrígidos entretanto foram aumentando de dimensão e agora algumas empresas optaram por um novo sistema de barcos de maiores dimensões, que levam mais pessoas. Há algumas questões, em termos de regulamentação, a ajustar”, adiantou.

O processo de revisão da regulamentação já “está em curso” e o investigador considera que a observação de cetáceos ainda tem potencial de crescimento nos Açores.

“Quer-se encorajar a que haja outras ilhas que também tenham actividade de observação de cetáceos, quer-se regulamentar a questão dos barcos, para limar algumas questões relacionadas com a evolução do mercado. Há trabalho que já está a ser feito, numa base de muita participação”, revelou.

Para José Azevedo, a certificação será também um “estímulo” para que se possa “aprofundar a relação dos Açores e dos açorianos com os cetáceos, enquanto seres vivos e enquanto parte de um ecossistema oceânico dinâmico”.

A caça à baleia, proibida desde 1984, teve um grande peso na economia açoriana e a observação de cetáceos veio trazer um novo “paradigma”.

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