Ben Bernanke é um dos três vencedores deste ano do Nobel da Economia

Academia Sueca atribui o Prémio do Banco da Suécia para as Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel ao ex-presidente da Reserva Federal norte-americana e aos economistas Douglas Diamond e Philip Dybvig.

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Ben Bernanke, presidente da Fed durante a crise financeira, venceu agora o Nobel Reuters/JASON REED

Três investigadores de universidades norte-americanas, incluindo o antigo presidente da Reserva Federal norte-americana Ben Bernanke, são os vencedores do Prémio Nobel da Economia deste ano, pelo contributo que tiveram para encontrar formas de evitar e gerir crises no sistema financeiro, como a ocorrida em 2008.

O prémio, oficialmente designado como Prémio do Banco da Suécia para as Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel, foi atribuído esta segunda-feira a Ben Bernanke, Douglas Diamond e Philip Dybvig. “[Os laureados] melhoraram significativamente a nossa compreensão sobre o papel dos bancos na economia, particularmente durante as crises financeiras, assim como sobre a forma de regular os mercados financeiros”, afirma a Academia Sueca.

Ben Bernanke era o presidente da Reserva Federal norte-americana quando, a seguir ao colapso do banco de investimentos Lehman Brothers em 2008, o sistema financeiro internacional entrou numa crise de grandes proporções.

No entanto, não foi pelo papel que desempenhou durante essa crise que o economista norte-americano recebeu esta segunda-feira o Nobel. Antes de assumir funções na Fed, Bernanke dedicou-se, como académico, à investigação de crises financeiras como a da Grande Depressão dos anos 1930. E é esse contributo, dado essencialmente durante os anos 1980, que agora é citado pela academia na nota que acompanha o anúncio do prémio.

“Entre outras coisas, mostrou como as corridas aos bancos foram um factor decisivo para que essa crise se tornasse tão profunda e prolongada”, afirma a nota sobre Bernanke, que actualmente é membro da The Brookings Institution.

Quando Ben Bernanke analisou o que se tinha passado durante a Grande Depressão dos anos 1930, a ideia mais corrente entre os economistas é que o problema tinha estado essencialmente no facto de o banco central não ter injectado suficiente liquidez na economia. Bernanke concordou com essa análise, mas defendeu que a explicação para as extraordinárias dimensão e duração da crise estiveram noutro factor: as falências sucessivas de bancos que impediram que o sistema financeiro desempenhasse, durante um período longo de tempo, o seu papel de transformação da poupança dos agentes económicos em investimento. E em vez de considerar que foi a crise económica que levou à falência de bancos, defendeu que as falências foram a causa para que a crise fosse tão profunda e prolongada.

“Usando fontes históricas e métodos científicos, a análise de Bernanke mostrou que factores foram importantes na queda do PIB. E concluiu que os factores directamente ligados à falência de bancos contribuíram com a parte de leão para a recessão”, afirmam os membros da academia.

Também nos anos 1980, Douglas Diamond, da Universidade de Chicago, e Philip Dybvig, da Universidade Washington em St. Louis, os outros laureados com o Nobel, se dedicaram a estudar formas de evitar que, em tempos de crise económica, se registe uma onda de falências nos bancos que torne os problemas na economia ainda mais graves.

Os dois economistas, diz a academia, “desenvolveram modelos teóricos que explicam porque é que os bancos existem, como é que os seus papéis na sociedade os tornam vulneráveis a rumores relativamente ao seu colapso e como a sociedade pode minimizar essas vulnerabilidades”.

Uma das soluções apresentadas por Douglas Diamond e Philip Dybvig é agora utilizada na prática num grande número de países, incluindo Portugal: a introdução pelo Estado de mecanismos de garantia de depósitos bancários, que fazem com que os aforradores, confiantes que até determinado valor o Estado protege o seu dinheiro, sintam menos urgência em retirar os seus depósitos no momento em que ouvem rumores da falência do seu banco.

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