Novo comboio para Badajoz começa a circular este domingo com dois meses de atraso

Ligação que permite encurtar a distância entre Lisboa e Madrid estava prevista para Julho, mas só agora as empresas ferroviárias dos dois lados da fronteira conseguiram pôr-se de acordo em relação aos horários

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A introdução de mais uma circulação diária entre Entroncamento e Badajoz vai reduzir de 11 para nove horas de viagem entre Lisboa e Madrid NUNO FERREIRA SANTOS

Ainda não é um comboio directo a ligar as duas capitais, mas é um pequeno passo face à situação anterior: a introdução de mais uma circulação diária entre o Entroncamento e Badajoz vai permitir reduzir de 11 para nove horas a viagem sobre carris entre Lisboa e Madrid. E em vez de quatro comboios, bastarão agora três para fazer esse percurso, com transbordos em Entroncamento e Badajoz.

Prevista para Julho, esta ligação teve de ser adiada devido à dificuldade em ajustar os horários dos comboios de passageiros com os de mercadorias na Linha do Leste, entre Abrantes e Badajoz. As duas empresas responsáveis pelos canais horários, IP (Infra-estruturas de Portugal) e Adif (Administrador de Infra-estruturas Ferroviárias), tiveram dificuldade em conseguir inserir mais esta circulação, sobretudo porque do lado português a IP não consegue guarnecer as estações com pessoal, o que dificulta a fluidez do tráfego ferroviário pela impossibilidade em fazer cruzamentos (a linha é de via única).

Por outro lado, houve também falhas de comunicação, porque, segundo o El Periódico de Extremadura, a IP chegou a demorar 18 dias a responder ao Adif. Ajustados os horários, a viagem entre o Tejo e o Mançanares demorará oito horas e 48 minutos, partindo-se de Lisboa às 12h30 e chegando a Madrid-Chamartín às 22h18 (hora espanhola). No Entroncamento e Badajoz os tempos de transbordo são de sete e dez minutos, respectivamente.

Em sentido inverso, a viagem sobre carris demora nove horas e meia, com partida de Madrid às 8h30 e chegada a Santa Apolónia às 17h. Para mudar de comboio, o passageiro dispõe de 45 minutos em Badajoz e oito no Entroncamento. Ao sábado, a ligação não é assegurada no sentido Madrid-Lisboa e ao domingo no sentido Lisboa-Madrid.

A Linha do Leste fica a ganhar uma segunda ligação ida e volta, permitindo agora ir almoçar e passar a tarde a Badajoz. Mas o percurso continua a ser feito com automotoras Allan (compradas à Holanda nos anos 50 e modernizadas nos anos 90), que têm elevada propensão a avariar, para além de serem desconfortáveis e desapropriadas para uma viagem de quase três horas entre o Entroncamento e aquela cidade fronteiriça.

A partir de agora, Portugal e Espanha passam a ter quatro ligações ferroviárias diárias: duas entre o Entroncamento e Badajoz e duas entre Porto e Vigo. Isto porque os comboios Lusitânia Expresso (Lisboa-Madrid) e Sud Expresso (Lisboa-Hendaia) foram suspensos em 2020 devido à pandemia e não voltaram a ser repostos.

Também na Galiza não foram repostas as duas circulações diárias que existiam entre Vigo a Valença e que davam ligação ao Porto. Questionada pelo PÚBLICO, a Renfe respondeu que essas duas ligações deverão ser retomadas só em 2023.

O Celta, que faz a viagem directa Porto-Vigo duas vezes por dia, é o único material motor a diesel naquela linha, que se encontra electrificada e onde todos os comboios são eléctricos nos dois lados da fronteira. Mas sobre uma eventual introdução de material eléctrico na ligação directa, a mesma fonte oficial da Renfe respondeu que “ao dia de hoje não há modificações sobre este serviço”.

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