Biden quer reduzir controlo da OPEP sobre preços do petróleo

Os membros da OPEP+ acordaram cortar a produção de petróleo em dois milhões de barris por dia, uma medida que não agrada à Europa e aos Estados Unidos, que receiam um novo agravamento da inflação por conta desta decisão.

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A OPEP+ decidiu cortar a produção de petróleo em dois milhões de barris por dia. Reuters/NTB SCANPIX

O corte de produção anunciado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (a chamada OPEP+, onde se inclui a Rússia) está a criar tensão junto dos governos ocidentais, que temem que esta decisão venha contribuir para um agravamento da inflação. A posição mais crítica vem do governo norte-americano, que acusa a OPEP+ de alinhar com a Rússia e anunciou que pretende encetar esforços para reduzir o controlo que esta organização detém sobre a definição dos preços do petróleo.

A decisão da OPEP+, anunciada esta quarta-feira, implica a redução em dois milhões de barris de petróleo por dia por parte dos países membros desta aliança. A confirmar-se, este será o maior corte desde 2020, ainda que o mais provável, como admitiu o ministro saudita da Energia, seja que o corte se fique por um milhão de barris por dia, já que os membros mais pequenos da OPEP+ têm falhado em cumprir as metas estabelecidas pela organização nos últimos meses.

Mesmo assim, a decisão foi mal recebida fora da OPEP+, numa altura em que a Europa e os Estados Unidos têm procurado mitigar o impacto do aumento acentuado dos preços da energia, para o qual a guerra na Ucrânia contribuiu de forma significativa.

Isto porque, com esta redução da oferta no mercado petrolífero, é expectável que os preços desta matéria-prima voltem a aumentar nos próximos meses, depois de, mais recentemente, se ter assistido a um reequilíbrio dos preços. Desde o pico atingido em Março, quando o preço do barril de Brent regressou aos níveis mais elevados desde 2008 ao aproximar-se dos 140 dólares, esta matéria-prima já desvalorizou em torno de 30% e negoceia agora na casa dos 93 dólares por barril, um movimento que tem sido influenciado pelos receios em torno de uma recessão económica a nível mundial, que levará a uma retracção da procura.

A primeira resposta chega, para já, do lado dos Estados Unidos. Num comunicado emitido após o anúncio da decisão da OPEP+, a Casa Branca disse que o presidente norte-americano está “desiludido com a visão curta da OPEP+ ao cortar as quotas de produção, numa altura em que a economia global está a lidar com o prolongado impacto negativo da invasão da Ucrânia por parte de Putin”. Em declarações aos jornalistas, citadas pela Reuters, uma porta-voz da Casa Branca acusou mesmo a OPEP+ de estar “alinhada com a Rússia”.

Neste contexto, o governo de Biden decidiu que irá “consultar” o Congresso norte-americano para implementar “ferramentas adicionais de forma a reduzir o controlo da OPEP sobre os preços da energia”.

A decisão de cortar a produção de petróleo ganhar particular relevância tendo em conta que foi anunciada imediatamente depois de a União Europeia (UE) ter divulgado que irá avançar com um tecto de preço para as importações de petróleo da Rússia por via marítima, uma medida que conta com o aval dos parceiros do G7. A redução da produção por parte dos membros da OPEP+ pode vir limitar a eficácia desta decisão da UE.

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