Quem com “frame” dá com “frame” tira - Catarina Costa afastada nos Mundiais de judo

Vice-campeã europeia em -48kg foi eliminado logo no primeiro combate, depois de uma revisão dos juízes.

Foto
Catarina Costa LUSA/JOSÉ COELHO

Vinte segundos bastaram para Catarina Costa ver a arbitragem dos Mundiais de judo, que decorrem em Tashkent, reverter uma pontuação que lhe daria o triunfo e, quase no movimento seguinte, ver a sua adversária sair vencedora.

Catarina Costa sabia que entrava no seu quarto Campeonato do Mundo com um sorteio pouco favorável, em que tinha pela frente a alemã Katharina Mez, judoca com quem já tinha lutado e costumava sentir alguma dificuldade - duas vitórias para cada uma.

A portuguesa, que chegou a Tashkent com o título de vice-campeã europeia e segunda cabeça de série em -48 kg, era uma das favoritas a seguir em frente, mas a resistência encontrada pesou, e muito, na balança.

Catarina Costa até teve a iniciativa de combate na Humo Arena, mas as novas regras - que já a fazem ponderar uma mudança no seu estilo de judo -, levaram a arbitragem a penalizá-la com dois castigos ainda o combate ia a meio.

Para a judoca essa é a única justificação para os dois “shidos” que viu, com a arbitragem a entender que as suas tentativas de ataque, muitas vezes a arrastar e cair de joelhos, não são mais do que falsos ataques, punidos com castigo.

“Se calhar tenho de repensar o meu estilo de judo”, assumiu, no final, a judoca de Coimbra.

Mas depois dos castigos, que a deixaram muito condicionada na gestão dos movimentos quando ainda faltava meio período de combate, Catarina Costa não pôde arriscar tanto e viu-se forçada a um prolongamento da luta no tatami.

E foi nesse período, de um tudo ou nada, em que quem pontua vence, que vieram as decisões mais pesadas e novamente um escrutínio implacável da arbitragem para com a portuguesa.

Aos 24 segundos do “golden score”, o equivalente a prolongamento após os quatro minutos iniciais, Catarina Costa projectou lateralmente a alemã, com a arbitragem a dar numa primeira análise ponto para a portuguesa.

Nas novas regras, a projecção precisa de ter o alinhamento da cintura com o ombro, razão pela qual os juízes percorrem imagem a imagem (frame) para determinar a validade da queda, se é suficiente para pontuar.

Depois de uma primeira validação do juiz de tapete, a mesa reverteu a decisão, deixando Catarina Costa sem a alegria que sentira dois segundos antes. “Precisei de me focar novamente, foi dois segundos até perceber”, disse a judoca.

Com tudo novamente igual, foi na resposta que Menz conseguiu pontuar: um “waza-ari” num movimento muito similar ao da portuguesa, mas desta vez com o mérito da alemã de conseguir o alinhamento necessário para que fosse contabilizado.

Mesmo antes da entrada de Catarina Costa em competição tinha sido Rodrigo Lopes a abrir a participação dos portugueses, com o judoca de -60 kg a encontrar novamente, neste ano, o sul-coreano Harim Lee, com quem tinha perdido em Junho, num Grand Slam.

Rodrigo Lopes não conseguiu criar perigo ao sul-coreano, num combate em que o luso-brasileiro sofreu dois castigos e esteve também condicionado, ficando em desvantagem primeiro por “waza-ari” e depois fechando com “ippon”.

A perder a um minuto do final, o judoca português teve de se expor mais e foi já nos últimos momentos, na luta no chão, que sofreu o revés final, com uma imobilização de Harim Lee, a seis segundos dos quatro minutos.

Os Mundiais de judo decorrem até 13 de Outubro na Humo Arena em Tashkent, com Portugal a ter ainda seis judocas em prova: Joana Diogo (-52 kg), Bárbara Timo (-63 kg) e Rochele Nunes (+78 kg), João Fernando (-81 kg), Anri Egutidze (-90 kg) e o bicampeão mundial Jorge Fonseca (+100 kg).

Sugerir correcção
Comentar