João Costa critica ensino superior pela falta de novos professores

O ministro da Educação aproveitou o lançamento do relatório Education at a Glance para apontar o dedo a instituições de Lisboa: estão a recusar candidatos a mestrados de ensino, que são a porta de entrada para se ser professor do ensino básico e secundário.

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O ensino superior "tem de fazer campanhas de atracção dos alunos para o ensino", exortou João Costa LUSA/ANDRE KOSTERS

O ministro da Educação, João Costa, considerou nesta segunda-feira que a falta de professores criou “um sentido de urgência em Portugal” e que, neste contexto, “não é aceitável que instituições do ensino superior estejam a deixar de fora candidatos a mestrados de ensino, com médias de 16 valores ou mais, como está a acontecer, em particular numa das regiões mais afectadas, que é Lisboa”.

João Costa falava numa conferência sobre o relatório Education at a Glance, que foi publicado nesta segunda-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Na conferência, promovida pela Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), estavam também presentes o secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Teixeira, e vários responsáveis de instituições do ensino superior.

Lembrando o actual “quadro envelhecido dos docentes”, que também é destacado no relatório sobre o estado da educação da OCDE, João Costa fez um apelo directo: “É preciso que o ensino superior se mobilize. As universidades e politécnicos fazem campanhas de atracção dos alunos para as mais variadas áreas. Têm de as fazer para o ensino”.

A alternativa é não haver novos professores para substituírem os que estão a sair do sistema para a aposentação, uma vez que o número de candidatos aos mestrados de ensino, que actualmente são a porta para a docência, tem vindo a cair nos últimos anos. Uma tendência que, segundo indicou há tempos João Costa, se estará agora a inverter no que respeita à procura.

Um milhão de certificações no Qualifica

Sobre os dados constantes no Education at a Glance, que aponta para um declínio na formação de adultos em Portugal, o ministro aproveitou para revelar que, em Setembro, foram concedidos um milhão de certificações (de competências e conclusão do ensino secundário) no âmbito do programa Qualifica, o actual sucessor das Novas Oportunidades. “É um dado de esperança” porque estes adultos irão continuar para o ensino superior e, como mostra o relatório da OCDE, “estudar compensa: traz melhor remuneração, traz emprego e mobilidade social”, frisou João Costa.

Ao contrário do que acontecia no início do século, os resultados portugueses em relatórios como o Education at a Glance trabalham a favor da “auto-estima colectiva” devido a um “percurso continuado” que permitiu, por exemplo, que 93% das crianças entre os 3 e os 5 anos frequentem hoje a educação pré-escolar, uma média superior à da OCDE, que está nos 83%.

“Quando olhamos para os dados colectados, nomeadamente pela OCDE, decidimos melhor”, proclamou ainda o ministro, para estacar a importância de ter informação em vez de “apenas opiniões ou achismos”.

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