Cartas ao director

Metaverso ou barbárie?

Muito preocupantes são os sintomas de degradação de valores com que todos nos confrontamos neste nosso tempo de desumanização e, parafraseando António Guterres, carnificina climática. Também no campo das artes tal se regista, tanto no campo da criação como no da salvaguarda dos patrimónios que deviam ser de todos... Registo o que sucedeu com um desenho de Frida Kahlo intitulado Fantasmones Siniestros, que foi destruído com pompa mediática pelo seu proprietário para ser transformado em dez mil NFT, a sigla que significa non-fungible tokens, o “registo de propriedade de arte virtual!”

Trata-se, a meu ver, de um acto de puro iconoclasma e que vem abrir espaço para um problema que não pode deixar de ser relevante no campo da Ética da Arte. Mesmo que o milionário Martin Mobarak (o autor da proeza) tenha considerado o seu acto algo com “significado alquímico”, algo com poder para “fazer crescer na eternidade” os milhares de fragmentos do desenho destruído, a verdade é que uma obra de arte foi destruída. <_o3a_p>

Segundo diz Joana Amaral Cardoso em notícia saída no PÚBLICO há unas dias, o iconoclasta mexicano assume-se como uma espécie de filantropo social e de mecenas das artes, pois só pretendeu com o seu acto “transformar arte física em ouro digital”! Admitindo embora que a queima do desenho de Kahlo possa ser “mal interpretada”, o auto-designado filantropo defende que abriu caminho para a “imortalização” da artista! <_o3a_p>

O grito triunfal deste verdadeiro inimigo das obras de arte é um eufemismo que se configura como um acto muito preocupante, até por haver o perigo de vir a fazer escola: “a pintura de Frida Kahlo foi permanentemente transitada para o Metaverso (sic) no dia 30 de Julho de 2022”, diz ele. Metaverso - ou nova barbárie?

<_o3a_p>​Vítor Serrão, Santarém

Metro em Campo de Ourique

Morador em Campo de Ourique há mais de 70 anos, fui dos primeiros a insurgir-me contra o local previsto para a estação de Metro no jardim Teófilo Braga. Quanto julgo saber o assunto continua a mexer. É com apreço e admiração que leio no PÚBLICO de terça-feira passada a opinião do professor catedrático do IST A. Betâmio de Almeida intitulado “Poeta fosse eu para cantar um jardim (da Parada)”. Nasci, cresci e vivi muitos anos no bairro e frequento esse jardim para ler o PÚBLICO e praticar a “mediacio” em ambiente privilegiado. Deixem estar o que está feito ou procurem outro local, como por exemplo o adro da igreja de St.º Condestável, embora a parte subterrânea da direita do parque esteja ocupada por um parque de estacionamento automóvel. No final da eua Pereira e Sousa há uma zona relativamente grande desocupada. Embora mais difícil, por razões óbvias um entendimento com os salesianos, possuidores de um enorme espaço.

Carlos Leal, Lisboa

​Portugal

Portugal - a todos os níveis institucionais, desde os oficiais aos particulares – poderá alegadamente considerar-se um país em estado de sítio, a caminho da “guerra civil”.

Ninguém se entende. Todos reclamam e exigem, enquanto outros não têm deveres alguns, nem sequer devem obedecer a qualquer tipo de lei, como por exemplo pedir-se que “uma intervenção parlamentar fosse ‘azuladamente’ apagada”. É um oásis de inconfessáveis interesses. Assim, está a ficar o “salve-se quem puder”, ou, então, torne-se ‘dono’ de um visto dourado e viva “à grande e à francesa”, tal como o rei Midas, em que tudo que tocava se transformava em ouro.

Com tão gravíssimo desregramento social, há uma instituição policial digna do maior apreço, isto é, sem preço, não desprezando outras instituições de segurança pública. Referimo-nos à quase omnipresente Polícia Judiciária, que está sempre em todo o lugar onde se preveja terem existido acções criminosas. São tantos os crimes diários, que não sabemos se a PJ terá ou virá a ter contingentes técnicos e humanos suficientes, para fazer face a tantas e continuadas ilicitudes.

José Amaral, Vila Nova de Gaia

A diferença entre o “perigo fascista” e os fascistas perigosos​

Achei interessante o artigo do JMT por diversas razões. Por um lado, a tentativa de sugerir que as Le Pen e Meloni só são “perigosas” com aspas e não há que as combater (em desacordo com o editorial no mesmo jornal, o que só abona a favor do PÚBLICO). Por outro lado, na sugestão clara que a culpa é das esquerdas (de quem mais seria para JMT?). Por fim, o que me divertiu mesmo foi JMT ter de começar por dizer que não é fascista, nem gosta deles. Está a provar do veneno, que reina na comunicação social e que JMT tem também ministrado, de que quem critica seja o que for nos ucranianos tem de começar por dizer que não gosta do Putin, sem conseguir convencer os bem pensantes que se recusam a pensar. Curiosamente até concordo com algumas coisas do artigo.

M. Helena Cabral, Carcavelos

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