Ex-primeiro-ministro suspeito de desvios de fundo vence eleições na Bulgária

Borrisov terá agora a difícil tarefa de formar uma coligação com um Parlamento muito fragmentado. Entre os seus possíveis aliados está o Renascimento, partido de extrema-direita pró-russo.

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Borrisov durante um comício no final da campanha EPA/VASSIL DONEV
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Petkov, líder do PP, já admitiu a derrota Reuters/SPASIYANA SERGIEVA

O partido de Boiko Borrisov venceu as eleições legislativas de domingo na Bulgária, as quartas em menos de dois anos no país. Com 99% dos votos contados, os resultados parciais dão a vitória ao seu Cidadãos para o Desenvolvimento Europeu da Bulgária (GERB), de centro-direita, com 25,4%. O principal rival, o partido reformista centrista Vamos Continuar a Mudança (PP), cuja coligação se desfez em Junho, terá obtido 20,2%.

A poucas horas do encerramento das urnas, a taxa de participação era extraordinariamente baixa (25%), esperando-se uma abstenção recorde, como já acontecera em Novembro. Nas últimas eleições, quando os búlgaros elegeram o Parlamento e votaram ainda para a presidência, foram às urnas 38% dos eleitores, a mais baixa taxa de participação em 30 anos.

De acordo com os resultados disponíveis, sete partidos vão entrar no Parlamento. Os esforços para formar um governo funcional são complicados, com o PP e outros adversários a acusarem Borrisov de ter permitido a existência de corrupção generalizada durante a sua década no poder. O dirigente, que foi detido durante 24 horas em Março por suspeitas de desvio de fundos europeus, no âmbito de uma investigação da Procuradoria Europeia, nega todas as acusações.

“Afirmámos que não entraríamos numa coligação com o GERB e vamos manter-se fiéis à nossa promessa”, afirmou Kiril Petkov, primeiro-ministro até Agosto. O seu partido, acrescentou, continuará a ter no combate à corrupção a sua grande batalha, agora na oposição.

Antes das eleições, Borrisov tinha afirmado que tentaria negociar com todos os partidos e apelara aos seus rivais para se mostrarem “razoáveis” perante a difícil situação em que o país de encontra, com a subida dos preços e a guerra na Ucrânia. Ao contrário das anteriores legislativas, quando a campanha foi dominada pela corrupção endémica, desta vez foi a insegurança económica a estar no centro do debate, num momento em que a inflação se aproxima dos 20% no mais pobre país da União Europeia.

Com um Parlamento muito fragmentado, nenhum jornal búlgaro antecipa uma solução que permita a Borrisov governar sem o PP. Entre os outros cinco partidos, o vencedor das legislativas poderá contar com o Movimento pelos Direitos e Liberdades (DPS), o partido de maioria turca, que foi o terceiro mais votado, e talvez com a extrema-direita, do Vazrajdane (Renascimento), a formação populista, nacionalista e pró-russa formada em 2014 e que se torna agora o quarto maior partido.

“Uma coligação matematicamente possível, mas socialmente inaceitável”, tendo em conta as divergências entre as três formações, afirma Boriana Dimitrova, directora do instituto Alpha Reserch, ouvida pela AFP. Kiril Petkov, por seu turno, e os seus aliados, os sociais-democratas (11%) e o Bulgária Democrática (liberais), “não terão deputados suficientes para formar governo”, diz a analista, antecipando “longas negociações”.

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