Inflação acelera para 9,3%, um novo máximo em 30 anos

Preços da energia caem 1,2 pontos percentuais, mas produtos frescos em recorde de 32 anos. Inflação de Setembro eleva a inflação média a 12 meses para os 6%.

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Inflação nos produtos alimentares não transformados (frescos), continuou a subir - e de forma significativa: dos 15,4% em Agosto saltou para 16,9% em Setembro Paulo Pimenta (Arquivo)

A pressão dos preços sobre a economia continua sem dar tréguas. O Índice de Preços no Consumidor (IPC) de Setembro subiu 0,4 pontos percentuais em termos homólogos e atingiu o seu nível mais elevado desde Outubro de 1992. A taxa de inflação em Portugal terá ficado em 9,3%, em Setembro, segundo a estimativa rápida divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Em Agosto, o valor registado foi de 8,97%.

Na variação em cadeia, isto é, em comparação com o mês anterior, o IPC subiu 1,2%. Estima-se assim uma variação média nos últimos 12 meses de 6% (contra 5,3% em Agosto). Excluindo a variação de preços na energia e nos produtos frescos, a chamada inflação subjacente acelerou de 6,5% em Agosto para 6,9% em Setembro, o que “é o registo mais elevado desde Fevereiro de 1994”, assinala ao INE.

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Olhando para os valores nacionais apurados pelo INE, Setembro trouxe assim uma subida significativa na inflação, e na decomposição hoje apresentada parece claro que tal não se pode atribuir apenas aos custos na energia, que continuam a pesar e têm sido um dos motores do aumento de preços desde antes da invasão da Ucrânia pela Rússia. Também outros factores estão a aumentar o seu contributo para este crescimento, como a alimentação.

Nos produtos energéticos, a inflação até recuou, descendo 1,8 pontos percentuais em Setembro, para 22,2%. Já os produtos alimentares não transformados (frescos), continuou a subir - e de forma significativa: dos 15,4% em Agosto saltou para 16,9% em Setembro, o que é a taxa mais elevada em 32 anos, desde Julho de 1990.

O Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) português, que permite comparar com os parceiros europeus, terá registado uma variação homóloga de 9,8%, conclui o INE. É um aumento de 0,5 pontos percentuais face a Agosto.

O IHPC na zona euro foi de 10%, segundo diz o Eurostat esta manhã, na primeira estimativa rápida para Setembro. Trata-se também de uma aceleração significativa, face aos 9,1% de Agosto. O valor português do IHPC fica ligeiramente abaixo da média, sendo o 11.º mais alto de entre este conjunto.

“A energia registará o maior salto homólogo (40,8% comparado com 38,6% em Agosto), seguida da alimentação, álcool e tabaco (11,8%, contra 10,6% de Agosto), bens industriais (5,6%, contra 5,1% de Agosto) e serviços (4,3%, contra 3,8% de Agosto)”, diz o Eurostat

Os dados nacionais definitivos serão divulgados pelo INE a 13 de Outubro. Os dados definitivos do índice harmonizado para a zona euro serão divulgados a 19 de Outubro.

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