Polícia iraniana promete responder “com toda a força” aos “contra-revolucionários”

Guardas da Revolução voltaram a bombardear instalações de partidos no Curdistão iraquiano. Regime de Teerão acusa os curdos de instigarem os protestos.

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Mahsa Amini foi detida a 13 de Setembro e morreu três dias depois no hospital ANUSHREE FADNAVIS/Reuters

Pelo 12º dia consecutivo, centenas de manifestantes saíram às ruas de uma vintena de cidades do Irão para protestar contra o regime. O último balanço oficial aponta para 60 mortos, entre os quais pelo menos dez polícias, mas as ONG de direitos humanos dizem que o número pode ser bastante superior.

Esta quarta-feira de manhã, o comando policial iraniano advertiu os manifestantes que vai responder “com toda a força” aos protestos. “Hoje, os inimigos da República Islâmica do Irão e certos arruaceiros tentam perturbar a ordem e a segurança da nação recorrendo a todos os pretextos”, disse o comandante da polícia num comunicado citado pela AFP.

“Os agentes da polícia opor-se-ão com toda a sua força às conspirações dos contra-revolucionários e dos elementos hostis e agirão firmemente contra aqueles que perturbam a ordem pública e a segurança em todo o país”, afirmou ainda.

O Governo iraniano acusa os Estados Unidos e os curdos que vivem no país de instigarem os protestos.

Os Guardas da Revolução, por seu turno, anunciaram que atacaram “terroristas” na região curda do Norte do Iraque com drones e mísseis. Segundo o jornal online Rudaw, foram atingidas as instalações de três partidos curdos nas províncias iraquianas de Erbil e Suleimanyah. As autoridades iranianas acusam estes grupos de “instigarem” os protestos no Irão. Pelo menos duas pessoas morreram e 16 ficaram feridas, de acordo com o jornal. Este foi o quinto dia de bombardeamentos iranianos a zonas do Curdistão.

Os protestos maciços começaram depois de uma mulher de origem curda ter morrido após ser detida pela “polícia da moralidade”, alegadamente por não estar a usar correctamente o hijab (lenço islâmico). Mahsa Amini, de 22 anos, morreu no hospital depois de três dias em coma. A versão oficial é que teve um AVC e um ataque cardíaco. A família, porém, acusa a polícia de a ter agredido assim que foi detida.

A morte de Amini desencadeou uma vaga de protestos que é já uma das maiores em vários anos no país, com milhares de jovens mulheres (e homens) nas ruas, muitas empunhando ou queimando os seus hijabs, outras cortando os seus cabelos diante dos outros manifestantes. Em apoio às iranianas, as mulheres curdas iraquianas começaram a organizar as suas próprias manifestações, com o mesmo a acontecer no Norte da Síria, nas áreas de população curda.

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