Libra recupera da queda após promessa do Banco de Inglaterra

Banco central viu-se obrigado a reagir ao recuo da divisa britânica depois de o governo de Truss anunciar um plano de crescimento económico que não convenceu os mercados imediatamente.

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Elizabeth Truss e o ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, numa visita a uma fábrica, na sexta-feira Reuters/DYLAN MARTINEZ

Depois de uma primeira reacção negativa à estratégia do governo britânico para combater a ameaça de recessão através de reduções fiscais aos longo dos próximos anos, a libra esterlina está em alta na manhã desta terça-feira, a recuperar da forte queda para um mínimo histórico na segunda-feira.

Por volta das 9h30, a divisa britânica subia 1,19%, valendo 1,0814 dólares norte-americanos, quando, na véspera, recuou mais de 4% e atingiu um mínimo histórico de 1,035 dólares.

A recuperação que se seguiu começou ainda na segunda-feira, depois de o Banco de Inglaterra e o próprio Governo, perante a volatilidade com que os mercados estavam a reagir ao plano económico, terem procurado acalmar os investidores com garantias de estabilidade para a economia britânica.

O pacote de medidas que o governo liderado pela nova primeira-ministra Elizabeth Truss entregou no Parlamento na sexta-feira e que o ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, detalhou nesta segunda-feira pretende, por um lado, conter a subida da inflação e, por outro, estimular o crescimento económico num momento em que as economias globais, incluindo a do Reino Unido, enfrentam o risco de entrar em recessão. O plano inclui reduções fiscais na ordem dos 45 mil milhões de libras até 2027 (cerca de 50 mil milhões de euros ao câmbio actual) e incentivos ao investimento.

Receosos de que as medidas surtam o efeito contrário ao pretendido pelo governo, alimentando ainda mais a subida da inflação ao mesmo tempo em que aumenta o nível de endividamento do Reino Unido, os investidores fugiram da libra assim que o mercado abriu esta semana e, mesmo com a recuperação parcial, o valor da divisa britânica permanece num patamar historicamente baixo. Segundo o Financial Times, ainda próximos do valor mais baixo desde 1985.

Foi perante essa queda acentuada que o governador do Banco de Inglaterra, Andrew Bailey, fez sair um comunicado a garantir que a autoridade monetária “está a acompanhar de muito perto a evolução dos mercados financeiros, à luz da significativa reavaliação dos activos financeiros”. E assegurou que “não hesitará em alterar as taxas de juro tanto quanto for necessário para fazer regressar a inflação ao objectivo de 2% de forma sustentável a médio prazo”.

“O papel da política monetária é assegurar que a procura não se antecipa à oferta de uma forma que conduza a mais inflação a médio prazo”, afirmou Bailey, lembrando que o banco central “fará uma avaliação completa” das medidas na procura e na inflação, bem como “da queda da libra esterlina” e “actuará em conformidade”.

Yuting Shao, da área de macroeconomia do State Street Global Markets, comentou à Reuters: “Provavelmente estamos apenas numa fase inicial a ver como é que o mercado digere esse tipo de informação”.

Os juros da dívida britânica das obrigações do Tesouro com um prazo de dez anos, apesar de estarem a cair em relação a segunda-feira, permanecem acima da barreira dos 4%.

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