Leilão: quem vai comprar uma peça deste painel para salvar as pradarias marinhas da Ria Formosa?

Obra inspirada nas pradarias marinhas é constituída por 154 peças individuais que vão ser postas a leilão, peça por peça. O valor obtido reverte para trabalhos de conservação marinha na Ria Formosa. As 154 peças já estão disponíveis para serem adquiridas na Oficina Marques, em Lisboa e num site até dia 28 de Outubro.

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O painel que está a leilão Universidade do Algarve

O Nascimento de Neptunia é o nome de uma obra inspirada nas pradarias marinhas, constituída por 154 peças individuais, que vai ser posta a leilão, peça por peça. O valor obtido reverte para trabalhos de conservação marinha desenvolvidos pelo Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve, na Ria Formosa.

A obra foi concebida pelos artistas plásticos Gezo Marques e José Aparício Gonçalves. Os interessados têm até dia 28 de Outubro para adquirir um dos 154 painéis e contribuir, desta forma, para a conservação destes importantes habitats, que são importantes sequestradoras de carbono e abrigo de muitas espécies, mas perderam metade da sua cobertura nos últimos 40 a 50 anos.

Os criadores da obra reuniram-se há alguns meses com a investigadora do CCMAR Carmen Santos, para falarem sobre as pradarias de ervas marinhas e a sua importância, quando mostraram à cientista a concepção da obra que iam criar.

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Uma das 154 peça individuais que vai ser vendida individualmente Universidade do Algarve

“É uma representação muito genuína das ervas marinhas, sob a forma de uma sereia rodeada de diferentes criaturas marinhas, mostrando a beleza e vulnerabilidade destes ecossistemas e também uma das suas funções ecológicas, o suporte da biodiversidade”, comenta Carmen Santos, citada num comunicado da Universidade do Algarve.

Constituídas por plantas aquáticas que formam um complexo sistema de rizomas — caules que crescem na horizontal —, as pradarias marinhas são fundamentais no combate às alterações climáticas, pois são importantes sequestradoras de carbono. Mas estas florestas azuis perderam metade da sua cobertura nos últimos 40 a 50 anos em todo mundo.

Um relatório co-assinado por investigadores da Universidade do Algarve e publicado em 2020 na revista científica Nature Communications, que tem como principal autora Carmen Santos, indica que, na Europa, estes ecossistemas começam a recuperar. Mas continua a ser crucial encetar esforços para conservar as pradarias que restam e restaurar as que a actividade humana ajudou a destruir.

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Os dois autores do painel, os artistas plásticos Gezo Marques e José Aparício Gonçalves Universidade do Algarve

A má qualidade da água é um dos factores que pode afectar as pradarias, bem como certas artes de pesca.

Há mais de 30 anos que o grupo Algae - Marine Plant Ecology Research – estuda estes ecossistemas. “Cada vez mais se percebe a contribuição destes ecossistemas para o ambiente, mas também para as pessoas porque purificam a água, sequestram carbono, protegem a costa e são o suporte da biodiversidade e dos recursos pesqueiros”, diz o investigador do CCMAR e professor da Universidade do Algarve Rui Santos, que lidera o grupo Algae - Marine Plant Ecology Research – que estuda as pradarias marinhas há mais de 30 anos.

“A verba angariada será importante para ajudar a financiar os nossos esforços para a reconstrução das populações de ervas marinhas na Ria Formosa, que são o habitat dos cavalos-marinhos que estão ameaçados de extinção neste sistema”, concluiu Rui Santos, citado no comunicado da Universidade do Algarve.

As 154 peças estão já disponíveis para serem adquiridas na Oficina Marques, em Lisboa, e através do site www.nascimentodeneptunia.pt , até dia 28 de Outubro. Após essa data, os painéis procurarão recordar os seus proprietários que somente remando todos para o mesmo lado, na defesa do meio ambiente, será possível levar o planeta a bom porto.

Os autores do painel inspiraram-se na filha do senhor dos mares para responder ao desafio lançado pela parceria entre Hendrick’s Gin e o Project Seagrass, para a recuperação das pradarias marinhas, que decorre desde 2013 e está aberto à ciência cidadã

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