Esperança de vida recuou 4,1 meses entre 2019 e 2021

Por causa do acréscimo de mortalidade associado à covid-19, os homens podem agora esperar viver menos 4,8 meses e as mulheres 3,6 meses, comparativamente com o triénio anterior. Falta saber se o recuo é transitório.

Foto
A esperança de vida à nascença diminuiu em todas as regiões do Continente Nelson Garrido

Por causa da mortalidade associada ao novo coronavírus, a esperança de vida à nascença recuou 4,1 meses. As tábuas de mortalidade do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que, no triénio 2019-2021, o número médio de anos que uma pessoa pode esperar viver à nascença é agora de 80,72 anos, contra os 81,06 do triénio anterior.

A diminuição foi mais expressiva no caso dos homens. Estes podem esperar viver 77,67 anos em média, isto é, menos 4,8 meses do que nos três anos anteriores. No caso das mulheres, a redução foi de 3,6 meses, fixando-se agora a sua esperança média de vida à nascença nos 83,37 anos.

Esta diminuição, que está directamente associada ao aumento do número de óbitos no contexto da pandemia, repercutiu-se também na esperança de vida aos 65 anos, que foi estimada em 19,35 anos no triénio 2019-2021, ou seja, menos 4,1 meses do que no triénio anterior.

Na distinção entre géneros, os dados do INE evidenciam que os homens de 65 anos de idade poderão esperar viver, em média, mais 17,38 anos e as mulheres mais 20,80 anos – menos 4,6 meses e menos 3,7 meses, respetivamente. A diferença entre a longevidade aos 65 anos de homens e mulheres em 2019-2021 foi de 3,42 anos.

Resta saber se estes recuos observados na longevidade expectável, e que, de resto, já eram esperados, traduzem uma inversão de tendência ou são apenas uma flutuação ocasional. O primeiro ano da pandemia teve uma mortalidade em geral atipicamente elevada: registaram-se 123.720 mortes por todas as causas, mais 10,1% do que no ano anterior. Mas os demógrafos tendem a considerar que oscilações de curto prazo não alteram a estabilidade da evolução da mortalidade, que se mede ao longo de períodos mais alargados. De resto, entre Janeiro e Agosto de 2022 registaram-se já menos 1366 óbitos do que no período homólogo anterior. E, nos últimos sete meses, verificou-se um desagravamento do número de mortes e um ligeiro aumento dos nascimentos. De modo mais concreto, de Janeiro a Julho deste ano, o saldo natural (diferença entre nados-vivos e mortes) acumulado foi de -28.730, contra os 31.027 observados no mesmo período de 2021.

No Alentejo, pandemia “roubou” sete meses

Por enquanto, há diferenças a assinalar quanto ao impacto da pandemia nas diferentes regiões do país. Apesar do recuo na expectativa de vida ser transversal às diferentes regiões do continente, o Alentejo, uma das regiões mais envelhecidas, surge como aquela que apresenta a maior redução na esperança de vida aos 65 anos: cerca de sete meses. Em sentido contrário, na Região Autónoma da Madeira aquele valor aumentou, ainda que apenas em cerca de meio mês.

No tocante à esperança de vida à nascença, a Madeira e os Açores surgem em contraciclo com ganhos de 0,4 e 2,2 meses, respectivamente. As regiões autónomas permanecem, contudo, como aquelas em que a longevidade expectável à nascença é menor, não ultrapassando os 78,55, no caso da Madeira, e os 78,18 anos, no caso dos Açores.

Estas são, por outro lado, as regiões do país com maiores diferenças de longevidade entre homens e mulheres no período 2019-2021. Enquanto na Madeira, as mulheres podem esperar viver em média mais de 6,67 anos do que os homens, nos Açores a diferença chega aos 7,10 anos. Na Área Metropolitana de Lisboa e na região Norte, por seu turno, as diferenças de longevidade entre sexos não vão além dos 5,63 e 5,66 anos, respectivamente).

Por outro lado, a região Norte continua a apresentar o valor mais alto de esperança de vida à nascença para o conjunto da população: 81,13 anos, sendo de 78,15 para os homens e de 83,81 para as mulheres.

Sugerir correcção
Comentar