Eleições locais: oposição falha Praga, mas conquista a maioria das grandes cidades checas

Partido do ex-primeiro-ministro Babis foi o terceiro mais votado e venceu 17 das 27 maiores cidades da República Checa. Votação era vista como um teste à gestão da inflação e da crise energética pelo Governo de Fiala.

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Andrej Babis, líder do partido populista ANO Reuters/BERNADETT SZABO

A Acção de Cidadãos Descontentes (ANO), o partido populista de direita do antigo primeiro-ministro da República Checa, Andrej Babis, conquistou a grande maioria dos centros urbanos do país nas eleições municipais realizadas na sexta-feira e no sábado.

De acordo com os resultados eleitorais divulgados neste domingo, a ANO foi o terceiro partido mais votado, atrás dos conservadores do Partido Democrático Cívico (ODS) e do Partido Democrata Cristão (KDS), mas venceu 17 das 27 maiores cidades checas.

Falhou, no entanto, a vitória na capital, Praga, e em Brno, a segunda cidade mais populosa da República Checa. Numa e noutra cidade a vitória coube à coligação liderada pelo ODS do primeiro-ministro Petr Fiala.

Apesar das derrotas em Praga e em Brno, o partido de Babis consegue um resultado bastante positivo, tendo em conta o contexto do seu afastamento da chefia do Governo checo, nas legislativas realizadas em Outubro do ano passado.

Assumido candidato anti-corrupção, Babis – um multimilionário – foi altamente penalizado nessas eleições por causa da resposta à pandemia de covid-19, mas também das revelações dos Pandora Papers, que mostraram que usou instituições financeiras em paraísos fiscais para comprar mansões de luxo no Sul de França.

Os media checos apressaram-se a anunciar a sua “morte” política, mas os resultados das eleições locais deste fim-de-semana mostram que a ANO (fundada em 2012) ainda é um partido político fundamental no quadro partidário checo.

O sucesso da força política de Babis nas maiores cidades também se explica com o descontentamento demonstrado por muitos eleitores com a forma como Fiala e o seu Governo têm respondido à inflação e à subida dos preços da energia, causadas pela crise económica pós-pandémica e pelos efeitos da guerra na Ucrânia no mercado energético.

Esta eleição foi apresentada pela oposição como um teste à governação de Fiala e um trampolim para as próximas legislativas, agendadas para 2025.

Para além do bom desempenho da ANO, destaca-se ainda os resultados positivos de milhares de candidatos independentes. Segundo a Reuters, dos 61.796 lugares em disputa nas assembleias municipais, 38.099 foram conquistados por independentes ou membros de coligações apartidárias.

Nos últimos dois dias realizou-se ainda a primeira volta da disputa de um terço (27) dos 81 lugares do Senado checo. Apenas três candidatos foram eleitos nesta ronda inaugural, com a segunda marcada para o próximo fim-de-semana.

Ainda assim, independentemente do desfecho desta votação, a coligação liderada pelo ODS vai manter a maioria na câmara alta do Parlamento da República Checa.

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