Nada é tão eficaz quanto uma cirurgia quando se fala de cancro do pulmão

O cancro do pulmão é a neoplasia que mais mata em Portugal e no mundo. Os fumadores estão perante o principal fator de risco, devem por isso consultar o seu médico.

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O tabaco é o principal factor de risco para o desenvolvimento do cancro do pulmão EPA/Cabalar

Segundo os dados da Organização Mundial da Saúde em 2020, o cancro do pulmão é a quarta neoplasia mais frequente em Portugal, perdendo unicamente para os da próstata, mama e cólon. Por outro lado, é o segundo mais frequente no mundo, logo a seguir ao cancro da mama. Apesar disso, ocupa o primeiro lugar na causa de morte relacionada com o cancro em Portugal e no mundo inteiro. Isto quer dizer que é o cancro do pulmão que mais mata.

Esta mortalidade deve-se em grande parte ao facto de a maioria dos diagnósticos serem efectuados numa fase avançada da doença, prejudicando assim o acesso ao tratamento cirúrgico potencialmente curativo.

Embora existam atualmente novos tratamentos para o cancro do pulmão, com uma taxa de resposta superior aos convencionais de quimioterapia, os mesmos só estão indicados num subgrupo minoritário de tumores com características moleculares muito específicas e, mesmo assim, nenhuma é tão eficaz quanto uma cirurgia.

O cancro do pulmão, tal como muitos outros, desenvolve-se de forma silenciosa durante muito tempo, sendo que, quando as pessoas recorrem ao médico por queixas - perda de peso, tosse, dor torácica, expectoração com sangue, rouquidão, cansaço, falta de ar - já se encontram numa fase mais avançada, não sendo possível a retirada total do tumor por cirurgia. A cirurgia é o tratamento mais eficaz contra o cancro do pulmão, mas só é indicado quando é diagnosticado numa fase inicial.

Como indicam todos os estudos e todos os dados, o tabaco é o principal factor de risco para o desenvolvimento deste cancro, sendo responsável por 80% dos que são diagnosticados.

Atualmente, existem programas de rastreio de cancro de pulmão com recurso a uma TAC de baixa dose, que são indicados para fumadores com mais de 50 anos de idade.

Por isso mesmo, se é fumador e tem mais de 50 anos de idade, fale com o seu médico, peça uma consulta para o ajudarem a deixar de fumar e poder ser incluído num programa de deteção precoce de cancro pulmonar.

O diagnóstico precoce vai permitir que, em alguns casos, se possa remover menor quantidade de pulmão. Na maioria dos cancros do pulmão com indicação cirúrgica, a operação realizada é uma lobectomia, ou seja, a remoção de um lobo pulmonar, que corresponde sensivelmente a metade de um pulmão. Hoje sabemos que em casos de detecção precoce podemos remover menos tecido pulmonar com maior benefício na qualidade de vida e mantendo a mesma taxa de sobrevida.

Este é um caso em que a prevenção e a vigilância clínica são fundamentais e em que são bem conhecidos os principais fatores de risco, a começar pelo tabaco. Procure evitar este risco e consulte o seu médico com regularidade.


O autor escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

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