A morte dos pais, a descoberta de um novo amor, uma transformação decisiva. Angel Olsen vem apresentar Big Time a Lisboa, dias 26 e 27 de Setembro. Álbum primoroso, (i)maculadamente clássico, intemporal, escreve Mário Lopes. "É muito especial e é muito triste, é tudo ao mesmo tempo", diz Angel Olsen.

Mário Lopes contextualiza aquele que é um dos discos do ano: Angel Olsen não esconde a sua vida, nunca o fez, e ela ficou plasmada, canção a canção, álbum após álbum desde o 2011 em que editou o EP Strange Cacti, seguido um ano depois pela estreia em longa-duração Half Way Home. Mas agora, depois destes, depois de títulos como o incandescente Burn Your Fire For No Witness (2014), depois do fogoso My Woman (2016), das paisagens dramáticas do multifacetado All Mirrors (2019) e do seu espelho descarnado, Whole New Mess (2020), Big Time surge na sua textura folk e country de arranjos ora opulentos, ora rarefeitos, ora eléctricos e vertiginosos, com Dolly Parton, Nancy Sinatra & Lee Hazlewood ou Loretta Lynn como figuras tutelares. Dias 26 e 27 de Setembro. Até lá, a entrevista...

 

Invejamos o Carlos Pereira: esteve quatro semanas em Fårö, no Bergman Estate, lugar em que o cineasta viveu, onde filmou parte da sua obra e onde o centro gravitacional é o silêncio. Na belíssima crónica que o Carlos escreveu, ficamos a saber que Ingmar Bergman gostava de escrever nos móveis e nas portas de sua casa. Mas continuamos todos à procura do que não se vê.

 

Foi impressionante ver no Festival de Veneza World War III, a história de um operário contratado para fazer de Adolf Hitler num filme em rodagem, juntamente com No Bears, de Jafar Panahi, e Beyond the Wall, de Vahid Jalilvand. Projectaram insidiosamente, com o sofisticado dispositivo formal que é apanágio do cinema iraniano, uma paisagem mental concentracionária que no Irão se concretizou. O contrato social no Irão está a quebrar-se, o cinema, de forma vibrante, está em cima do acontecimento.

 

Isabel Lucas entrevista Maaza Megiste, que escreveu um épico com acção na guerra de 1935 na Etiópia. Está finalmente publicada em Portugal, com O Rei-Sombra.

Conta, numa perspectiva íntima, a invasão italiana por parte de Mussolini da Etiópia de Haile Selassie. Dá protagonismo às mulheres, humaniza um imperador cheio de culpa e inventa um rei-sombra chamado Minim que quer dizer Nada e é estranhamente semelhante a Selassie. Estamos diante de uma longa canção onde se destaca o trabalho de linguagem. Que se torna uma das protagonistas deste romance sem heróis sobre a contradição, o trauma, a culpa, o interdito, o corpo feminino e o modo como é instrumentalizado.

 

Isabel Salema visitou os últimos trabalhos de Sara Bichão, resultado de uma residência artística na ilha Ouessant, que podem ser vistos nas Carpintarias de São Lázaro, em Lisboa. As suas esculturas entram em diálogo com o trabalho da performer Violaine Lochu e o resultado aponta para que há algo de novo em acção.