Rangel avisa que não é tempo de “brincar às guerrilhas de ministros”

O social-democrata foi muito crítico do desnorte do Governo.

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Paulo Rangel está nos Açores Rui Gaudencio

O eurodeputado do PSD Paulo Rangel criticou nesta quinta-feira o “discurso completamente contraditório” do Governo, considerando que o tempo é “demasiado sério” para o executivo socialista “brincar às guerrilhas de ministros” devido à redução do IRC.

Durante uma conferência promovida nas jornadas interparlamentares do PSD, que estão a decorrer em Ponta Delgada, Açores, Paulo Rangel disse que o ministro da Economia, António Costa Silva, foi “desmentido” pelo ministro das Finanças, pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais e pelo líder parlamentar do PS sobre a redução do IRC.

“Sobre uma matéria tão importante como essa, que é o quadro fiscal para as empresas para os próximos anos, em particular neste contexto, o Governo não é capaz de ter um pensamento a uma voz? Estamos como estamos no aeroporto de Lisboa?”, criticou o também vice-presidente do PSD.

Em causa estão as declarações de Costa Silva na quarta-feira, que considerou que seria “benéfica” uma descida transversal do IRC (imposto que incide sobre o lucro das empresas), sendo que a redução de cada ponto percentual da taxa tem um impacto na receita de cerca de cem milhões de euros.

No mesmo dia, o ministro das Finanças, Fernando Medina, remeteu eventuais alterações fiscais para as empresas, nomeadamente ao nível do IRC, para as negociações com os parceiros sociais, revelando que vai “reservar” para o final da negociação a sua posição “sobre o assunto”.

“Isto é demasiado sério para andarmos aqui a brincar às guerrilhas de ministros”, afirmou Paulo Rangel.

O social-democrata condenou o “desnorte” do Governo, que tem um “discurso completamente contraditório” e que “não está à altura” dos “desafios” provocados pelo contexto político e económico internacional.

“Estamos num momento crítico e não temos nem um Governo nem um primeiro-ministro que estejam à altura da situação”, prosseguiu.

Rangel criticou igualmente o “maquiavelismo político do pior” devido à “operação de embuste” do Governo, que, a propósito dos apoios às famílias devido à inflação, “fez uma retirada de mil milhões da Segurança Social a coberto dos cheques que vai passar em Outubro” aos pensionistas.

“Numa altura desta gravidade, com uma crise desta natureza, com uma guerra em curso — da qual não somos parte, mas que estamos extremamente dependentes não há um primeiro-ministro que fale a verdade ao país?”, visou.

Paulo Rangel também criticou António Costa por não ser capaz de convencer os líderes europeus da importância de criar “interconexões energéticas” a partir da Península Ibérica, apesar de ter “vendido a imagem de que é uma pessoa muito influente na Europa”.

“Estamos a deixar que a França impeça a criação de uma união energética apenas para defender a sua energia nuclear ou eventualmente os seus receptores de gases na costa atlântica?”, questionou.

As jornadas interparlamentares do PSD estão a decorrer em Ponta Delgada com a presença dos eurodeputados do partido, de membros do governo dos Açores, de deputados regionais das duas regiões autónomas e de Luís Montenegro, líder nacional, que se vai juntar nesta quinta-feira aos trabalhos.

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