Arménia e Azerbaijão negoceiam cessar-fogo após 150 mortos em dois dias

Desde 2020 que os confrontos entre os dois países que disputam o controlo sobre o Nagorno-Karabakh não eram tão violentos.

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Funeral de um militar azerbaijano morto nos confrontos com a Arménia AZIZ KARIMOV / Reuters

As autoridades da Arménia e do Azerbaijão negociaram um cessar-fogo para pôr fim aos confrontos que nos últimos dois dias causaram mais de 150 mortos de ambos os lados.

O anúncio foi feito pelo secretário do Conselho de Segurança arménio, Armen Grigorian, ao fim do dia de quarta-feira. “Graças ao envolvimento da comunidade internacional, foi alcançado um acordo para a entrada em vigor de um cessar-fogo”, afirmou o dirigente numa declaração transmitida pela televisão.

Os relatos no terreno comprovam uma acalmia da situação, embora o Governo do Azerbaijão não tenha confirmado qualquer acordo para pôr fim às hostilidades.

Nos últimos dois dias, o conflito entre a Arménia e o Azerbaijão em torno da região do Nagorno-Karabakh reacendeu-se, com os dois lados a acusarem-se mutuamente pelo reinício dos confrontos. O Governo de Ierevan confirmou a morte de pelo menos 105 soldados, enquanto o Azerbaijão diz ter perdido 50 militares.

Os confrontos desta semana são os mais graves desde a guerra aberta travada entre as duas repúblicas do Cáucaso em 2020. A Arménia e o Azerbaijão disputam desde o final dos anos 1980 o controlo sobre a região do Nagorno-Karabakh, um enclave habitado maioritariamente por arménios, mas que é internacionalmente reconhecido como parte integral do território azerbaijano.

Ao longo das últimas três décadas, o conflito tem passado por várias fases de maior ou menor hostilidade. Em 2020, uma guerra que durou seis semanas e causou mais de 6700 mortes apenas terminou com importantes cedências territoriais por parte da Arménia no enclave e em regiões próximas.

Um factor importante para o sucesso do Azerbaijão nesses confrontos foi o forte apoio militar concedido pela Turquia. Historicamente, a Arménia tem a Rússia como aliada no conflito.

Na altura, as cedências territoriais feitas pelas autoridades arménias foram mal recebidas pela população local que organizou várias manifestações contra o primeiro-ministro Nikol Pashinian.

Na quarta-feira, milhares de pessoas voltaram a sair às ruas de Ierevan para exigir a demissão de Pashinian, que acusam de estar a ceder às reivindicações do Azerbaijão perante a pressão internacional.

O primeiro-ministro disse ter enviado um pedido formal à Rússia para que forneça apoio militar ao abrigo de um tratado de amizade entre os dois países, para além de ter requerido a assistência dos países que integram a Organização do Tratado de Segurança Colectiva, uma aliança militar entre vários países da Ásia Central que também inclui a Rússia.

“Não vemos uma intervenção militar como a única possibilidade, porque também há opções políticas e diplomáticas”, afirmou Pashinian num discurso no Parlamento. O primeiro-ministro disse também que a Arménia está disposta a assinar um tratado de paz com o Azerbaijão em que seja reconhecida a integridade territorial do país vizinho, desde que Bacu abandone regiões arménias actualmente sob seu controlo.

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