Audiências dos Emmys foram as piores de sempre

Nem o anfitrião nem os premiados convenceram numa data pouco dada a noitadas a ver televisão para prémios de nicho. “Para a maior parte dos espectadores a assistir, é uma sorte se reconhecem um quarto das pessoas nomeadas.”

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O apresentador Kenan Thompson num número musical evocando "A Guerra dos Tronos" nos Emmys desta semana Reuters/MARIO ANZUONI

As audiências da cerimónia de entrega dos prémios de televisão norte-americanos Emmy, na madrugada de terça-feira (hora de Lisboa), foram as piores de sempre. De acordo com a revista Variety, que teve acesso inicial aos números, apenas 5,9 milhões de espectadores viram o programa no canal NBC, uma quebra de 24% em relação ao bom ano de 2021 e um número que torna esta a cerimónia menos vista de sempre da Academia de Televisão.

Premiados que foram Sucession, The White Lotus ou Ted Lasso, tudo séries de canais premium ou de serviços de streaming, e sem grandes vitórias para sucessos globais como Squid Game, Stranger Things ou sequer nomeações para as séries mais vistas nos canais generalistas (embora Abbott Elementary, da ABC e que em Portugal passa na Fox Comedy e está também na Disney+, tenha sido nomeada e premiada em algumas categorias), os espectadores norte-americanos não encontraram motivos para ver os 74.ºs Emmys em massa.

Mais: o número combina os espectadores que assistiram ao programa na NBC e no seu serviço de streaming, o minoritário Peacock, detalha a agência Reuters. Apesar de as transmissões das cerimónias de prémios terem perdido a sua centralidade cultural nos últimos anos e as respectivas audiências, consumidas mais em formato micro com excertos publicados nas redes sociais, os Emmys de 2021 tinham representado um aumento de audiências — 7,4 milhões de espectadores, longe dos píncaros mais recentes, em 2013 quando 17,7 milhões viram a cerimónia.

Esses eram os tempos tanto da premiação da televisão de prestígio, com o extra da despedida de Breaking Bad, do canal AMC, quanto da comédia de massas (Uma Família Muito Moderna, ABC). Eram também os tempos de menos oferta e menos pulverização das audiências por diferentes plataformas, o que na noite que convida a que todos se juntem em torno da “televisão”, se nota. “Para a maior parte dos espectadores a assistir, é uma sorte se reconhecem um quarto das pessoas nomeadas”, disse ao Los Angeles Times um experiente executivo dos canais generalistas, sob anonimato, comentando as más audiências.

Normalmente as audiências dos Emmys caem quando passam na NBC, não tanto por este ser o canal da televisão mais “formatada” dos procedurals como Lei & Ordem cujo público fixo pode estar a léguas daquele que vê as séries nomeadas e premiadas pela Academia de Televisão, mas sobretudo porque passam para as noites de segunda-feira (hora local) devido à transmissão obrigatória, aos domingos à noite em que os Emmys acontecem quase sempre, dos jogos de futebol americano. Ainda assim, a audiência dos 74.ºs Emmys foi metade da que acompanhou o programa na última vez que ele foi transmitido na NBC, em 2018.

Os produtores da cerimónia deste ano queriam ser o contraponto ao descalabro dos Óscares após “O Estalo” de Will Smith a Chris Rock — que foi convidado para apresentar o evento em 2023 e declinou — e oferecer uma festa tipo Globos de Ouro, com ar de festa à volta das mesas das estrelas, mas sem os desconfortos de um anfitrião mais agreste (como Ricky Gervais, por exemplo). O apresentador da noite, Kenan Thompson, não convenceu muita da crítica da televisão americana e os melhores momentos, pertencentes por exemplo ao trio de Homicídios ao Domicílio (Steve Martin, Martin Short e Selena Gomez) na entrega de um galardão, tiveram uma química tão evidente que muitos a sugeriram que deveriam ter sido eles os anfitriões.

Os Óscares deste ano tiveram 16,6 milhões de espectadores nos EUA (muito melhor que o seu pior ano de sempre em 2021, em plena seca cinematográfica causada pela pandemia) e os Grammys, prémios da indústria musical, conseguiram 9,6 milhões de espectadores em 2022, em linha com os seus resultados mais negativos de sempre.

Em Portugal, os Emmys voltaram a ser transmitidos pela SIC Caras; os Óscares têm cabido à RTP1 nos últimos anos. Não foram divulgados dados para as audiências dos Emmys fora dos EUA no conjunto de dezenas de países que os emitiram.

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