Ana Catarina Mendes: “A resposta à direita é sempre uma resposta de caridadezinha e empobrecimento”

O encerramento das jornadas parlamentares do PS ficou a cargo da ministra dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes. A governante criticou a política de “caridade” do PS e defendeu o pacote de apoio às famílias apresentado pelo primeiro-ministro na semana passada.

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Ana Catarina Mendes, ministra dos Assuntos Parlamentares, encerrou as jornadas parlamentares do PS LUSA/Paulo Cunha

Uma semana depois de o Governo ter anunciado o pacote de apoio às famílias para aliviar o aumento dos preços, a ministra dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, usou a sua intervenção no encerramento das jornadas parlamentares do PS para devolver as críticas feitas pelo PSD e distinguir a solução socialista daquela que os sociais-democratas apresentaram no último mês. “A resposta à direita é sempre uma resposta de caridadezinha e empobrecimento”, acusou Ana Catarina Mendes. Segundo a governante, as propostas do PSD — que serão debatidas e votadas esta semana na Assembleia da República não são solidariedade, mas “caridade”. “Não podemos olhar dessa forma para a sociedade”, vaticinou. Já antes o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, tinha criticado o PSD pela mesma razão, acusando o partido de tentar assumir um papel de “tutela” e controlar onde é que os portugueses gastam os apoios dados pelo executivo.

Perante a bancada do PS, Ana Catarina Mendes distinguiu as soluções de ambos os partidos e insistiu que o pacote de emergência social do PSD (que prevê a distribuição de vouchers para a compra de alimentos) é um modelo de “assistencialismo” e “caridade”. Por sua vez, contrapôs, a resposta do PS “é robusta e universal para todos”, porque “entendemos mesmo que ninguém é dispensável”, disse, numa referência à frase de Jorge Sampaio de que não existem portugueses dispensáveis.

Antes, Eurico Brilhante Dias rejeitou as críticas deixadas pelo partido liderado por Luís Montenegro e afirmou que as perdas de rendimentos durante os anos de Governo de Pedro Passos Coelho, entre 2011 e 2015, foram “tão ou mais graves” do que a perda de “oportunidades”. O líder da bandada socialista defendeu as políticas de igualdade, coesão e crescimento como prioridades para o partido, e como “centrais para o combate aos populismos”. “As políticas de igualdade não são contraditórias com os objectivos de crescimento social”, insistiu.

“A direita acha que tem uma bala de prata” e quer “diminuir o IRS aos mais ricos e essa não é a nossa solução”. “A ideia central não é crescer: é criar oportunidades de crescimento”, disse Brilhante Dias. “Não nos digam que não estamos a fazer reformas”, atirou, lembrando o trabalho na revisão da lei dos estrangeiros, no novo estatuto do Serviço Nacional de Saúde, nas ordens profissionais ou na proposta de criação de um banco de terras para solos sem proprietário desconhecido.

No encerramento esteve ainda o presidente da Federação do PS de Leiria e autarca da Nazaré, Walter Chicharro, e o secretário-geral adjunto do PS, João Torres. O terceiro e último dia das jornadas parlamentares contou ainda com um painel dedicado às vítimas da violência doméstica um combate que o PS sinalizou como prioridade para esta legislatura e outo painel dedicado a estratégias de crescimento e coesão em que participaram o investigador João Ferrão e pela economista Francisca Guedes de Oliveira.

Ana Catarina Mendes afirmou que 95% do território nacional está coberto para dar resposta às vítimas de violência doméstica e que o próximo Orçamento do Estado irá ter mais verbas destinadas ao combate a esta violência. A ex-governante destacou ainda que se 53% do total de vítimas de violência doméstica são mulheres, 43% são crianças. E chamou a atenção também para a violência contra idosos. Numa nota positiva, a ministra destacou que Portugal acolheu já 40 mil cidadãos ucranianos, dizendo, vincando “a marca do PS” como “a da inclusão e da solidariedade”, elogiando a alteração à lei dos estrangeiros. com Lusa

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