Alcaraz e Ruud fazem história no US Open

Os dois finalistas masculinos vão decidir, além do título, qual deles irá subir ao primeiro lugar do ranking mundial.

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Casper Ruud Reuters/Robert Deutsch

Pela primeira vez desde a edição inaugural do US Open, em 1881, os quatro semifinalistas masculinos eram estreantes nessa fase do torneio. E Carlos Alcaraz, de 19 anos, ou Casper Ruud, de 23, irá conquistar, este domingo, o seu primeiro título do Grand Slam. Mais: o vencedor será o próximo líder do ranking mundial. O domínio do Big 3 parece ter chegado ao fim e pelo entusiasmo do público que encheu o Arthur Ashe Stadium nas últimas noites, o testemunho de Rafael Nadal, Novak Djokovic e Roger Federer está bem entregue.

A ascensão de Alcaraz, chegado a Nova Iorque no quarto lugar, tem sido a mais espectacular. Em Maio do ano passado, o espanhol ganhou um challenger no Estádio Nacional, consequentemente entrou no top 100 e… nunca mais parou. Uma das razões para a ascensão rápida é sua condição física. Rápido e resistente, tem ganho muitos duelos longos e intensos, como aconteceu mais uma vez neste US Open, ao vencer Frances Tiafoe (26.º), por 6-7 (6/8), 6-3, 6-1, 6-7 (5/7) e 6-3, ao fim de quatro horas e 19 minutos. “Temos que dar tudo o que podemos dar. Temos que lutar até ao último ponto; não interessa se estamos lutando há cinco, seis horas”, afirmou Alcaraz.

Tiafoe esteve perfeito em tie-breaks neste US Open, ganhando mais dois na meia-final (oito durante a quinzena), mas a saída do court após o segundo set, para trocar de equipamento (incluindo sapatos) fez-lhe mal; o norte-americano ganhou somente três pontos nos quatro primeiros jogos, concedendo dois breaks que selaram o destino da partida. Tiafoe ainda reagiu no quarto set e recuperou de 0-2 na partida decisiva, mas o break a 2-2 foi-lhe fatal. “Hei-de voltar e, um dia, vou ganhar isto”, prometeu Tiafoe.

Alcaraz estava muito feliz por ganhar a sua primeira meia-final num Grand Slam e pode vir a ser o mais jovem número um mundial da história, destronando Lleyton Hewitt, líder da tabela ATP em 2001, com 20 anos. “Consigo ver o primeiro lugar, mas, ao mesmo tempo, está muito longe. Tenho de ganhar mais um, frente a um adversário que joga incrivelmente e merece estar na final. Para mim, será a primeira vez e vou dar tudo o que tenho e terei que lidar com os nervos de estar numa final do Grand Slam”, adiantou o tenista de Murcia.

Casper Ruud tem a vantagem de ir disputar a segunda final da carreira e do ano, depois de, em Roland Garros, se ter sentido esmagado pela importância do momento e do adversário, Rafael Nadal, seu ídolo e em cuja Academia se tem treinado nos últimos anos. Ao contrário de Alcaraz, o primeiro norueguês a chegar a uma final de um major sempre foi mais discreto. Mas os bons e consistentes resultados levaram-no ao top 10 já em Setembro do ano passado e não parou de subir. Seria o número um caso Alcaraz não tivesse chegado à final.

“A situação mais justa seria quem ganhasse a final subir a número um”, afirmou Ruud, após derrotar Karen Khachanov (31.º), por 7-6 (7/5), 6-2, 5-7 e 6-2. Sólido do fundo do court como um tenista crescido na terra batida, o norueguês mostrou também estar perfeitamente adaptado aos hardcourts e à agressividade exigida, somando 53 winners, incluindo 20 dos 23 pontos decididos na rede, e ganhar 83% dos pontos disputados com o primeiro serviço.

Tal como Alcaraz, Casper é também treinado por um antigo tenista profissional, o seu pai Christian, que atingiu o 39.º posto em 1995 e nunca ganhou qualquer título. Mas o profissionalismo e a tranquilidade exibidos no court são iguais. Esta época, iniciada tarde, devido a uma lesão no tornozelo que o afastou do Open da Ausutrália, Ruud conquistou três títulos ATP 250, foi finalista em Roland Garros e no ATP 1000 de Miami, onde perdeu com Alcaraz. O outro duelo, no ano passado, também sorriu ao espanhol e terminou igualmente em dois sets.

Alcaraz ou Ruud, um deles será o sétimo campeão diferente do US Open nos últimos 10 anos. Em comparação, desde 2012, houve quatro vencedores diferentes na Austrália e três em Roland Garros e Wimbledon.

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