Biodiversidade

Na Sibéria, debaixo do gelo, “esconde-se um mundo mágico” — e focas que quase ninguém vê

“Encontrar estas focas debaixo de gelo é incrivelmente difícil.” O fotógrafo Dmitry Kokh tentou várias vezes, ao longo de dois anos, até finalmente conseguir trazer imagens destes animais e das suas crias – uma visão rara.

©Dmitry Kokh
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©Dmitry Kokh

O lago Baical, no sul da Sibéria, na Rússia, é um dos mais antigos, mais profundos e mais extensos de toda a Ásia. Nas suas águas doces, onde desaguam 300 rios, habitam as nerpas – também conhecidas por focas-de-baical ou focas da Sibéria –, uma espécie que só pode ser encontrada nesta região do planeta. O fotógrafo Dmitry Kokh, um apaixonado pela fotografia da vida selvagem e fotografia subaquática, passou dois anos a tentar captar imagens destes animais, mais especificamente das suas crias.

“Tentei, pela primeira vez, há dois anos, em Novembro”, conta, na primeira pessoa, numa página pessoal da plataforma Notion que partilhou com o P3. Não foi, então, bem-sucedido. “O lago gela completamente em Janeiro e foi muito difícil encontrar as nerpas em águas sem gelo porque elas são demasiado tímidas e desaparecem de vista muito facilmente.”

Mas Kokh, que recentemente trouxe da Sibéria fotografias de ursos polares numa estação meteorológica que correram mundo, nunca desiste à primeira tentativa. “Em 2022, regressei ao lago, em Abril, quando a Primavera siberiana estava despertar, quando o gelo começou a derreter e o sol a despontar.” Nessa altura, a superfície do lago ainda estava coberta com um manto de gelo. “Não é fácil encontrar as ‘tocas’ destes animais no vasto deserto gelado, por isso, desta vez, procurei a ajuda de um profissional, o cão Pulka, que está treinado há anos para realizar este trabalho.”

Foi assim que encontrou um grupo de focas acompanhado das suas crias. “As nerpas dão à luz em Março e as crias nascem cobertas de pêlo branco e, por isso, não conseguem nadar. Não é possível chegar muito próximo delas sem as magoar.” Só passadas algumas semanas é que o seu pêlo se torna cinzento e podem sair de junto da mãe para explorar as águas do lago e “o mundo mágico que se esconde debaixo do gelo”.

Foi um momento memorável para Dmitry quando viu, pela primeira vez, o nariz curioso de uma pequena nerpa diante dos seus olhos. “A cria parecia muito surpreendida por ver uma criatura desajeitada, carregada de equipamento, à sua frente. E isso talvez explique porque ficou perto de mim durante quase 15 minutos, mantendo distância de segurança e nadando em círculos para poder observar.”

As bolhas de ar visíveis em algumas das imagens são resultado da respiração da foca, que é, para todos os efeitos, um mamífero que divide a sua vida entre terra e água. Estima-se que exista, no lago, uma população de cerca de 60 mil focas-de-baical, que, por vezes, sofre ataques de caçadores. A caça deste animal pelas populações em redor, que se alimentam dela, não está proibida, mas é limitada.

O lago descongelou em Abril e as focas da Sibéria ainda nadam livremente nas águas do lago que é conhecido pelos habitantes da região como Mar Glorioso. “Encontrar estas focas debaixo de gelo é incrivelmente difícil”, comenta Koch. Mas valeu a pena. As imagens que produziu confirmam isso mesmo.

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O cão Pulka, que acompanhou Dmitry na busca por focas baical
O cão Pulka, que acompanhou Dmitry na busca por focas baical ©Dmitry Kokh,©Dmitry Kokh
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