Má fortuna abate FC Porto em Madrid

Com Otávio lesionado, Taremi expulso e dois golos sofridos aos “trambolhões” já após os 90’, os portistas saíram vergados pelo Atlético de Madrid, depois de terem sido superiores durante grande parte do jogo.

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FC Porto e Atlético em duelo EPA/Rodrigo Jimenez

Sabendo o que se sabe do Atlético de Madrid e do FC Porto poucos esperariam algo diferente do que um duelo globalmente mal jogado na jornada 1 do grupo B da Liga dos Campeões. E foi o que se viu. O que também não é surpresa é que os portistas tenham sido, apesar do equilíbrio global, quem mais mereceu ganhar. Em rigor, o Atlético foi quase zero no plano ofensivo, como tem sido tantas vezes, mas o que conta são as bolas dentro da baliza. Aí, fica a valer um 2-1 que tem pouco nexo com o que se passou em campo.

Com maior engenho do FC Porto na finalização (e menos Oblak), o jogo teria tido desfecho diferente. Mas no fim de contas pesaram a lesão de Otávio, a expulsão de Taremi e dois golos sofridos aos “trambolhões” já no período de compensação, que tornaram o penálti de Uribe, também já nos “descontos”, pouco mais do que inútil.

Individualmente, Pepe, com um jogo tremendo, acabou por ser o jogador em maior destaque, apesar de ter surgido na “fotografia” do 2-1 marcado por Griezmann na última jogada da partida. E Taremi, com a simulação punida pelo árbitro aos 81’, prejudicou a equipa de forma clara, apesar de ter sido, a par de Pepe, o melhor jogador portista.

Em Madrid viu-se o que era suposto ver-se num Atlético de Madrid-FC Porto, sobretudo se jogado em Espanha: o Atlético incapaz de criar jogo ofensivo e o FC Porto, conseguindo igualar os níveis de intensidade, a saber contra-atacar a preceito.

A construção dos portistas chegou a parecer “empenada” em vários momentos, sobretudo quando Uribe não baixava para fazer o três contra dois à pressão de Félix e Morata. Mas o colombiano foi percebendo a necessidade de o fazer e o FC Porto conseguiu, assim, ligar mais o seu jogo desde trás.

O problema estava, depois, em conseguir jogar por dentro, já que o Atlético, muito pouco audaz, povoava de forma clara a zona central, impedindo Taremi de receber bolas entre linhas.

Mas o mesmo se passava do lado oposto, ainda que por motivos diferentes. Félix bem tentava baixar em apoios frontais, mas foram poucas as vezes em que os colegas o solicitaram – por vezes parecem formatados para trocar o risco pela segurança, mesmo vendo que o português conseguiu criar desequilíbrios nas poucas vezes em que tocou na bola.

Os mapas de calor de movimentação das equipas davam predominância nas respectivas zonas defensivas e quase sem cor nas áreas adversárias. “Trocado por miúdos”, isto indicava que nenhuma das equipas era ofensiva, algo que naturalmente se pedia mais ao Atlético, ainda que a equipa só num dos quatro jogos da Liga espanhola tenha tido mais bola do que os adversários.

Apesar deste equilíbrio permanente, o FC Porto era, ainda assim, a equipa mais perigosa, sobretudo por alguns lances de luta e iniciativa individual de Taremi (como aos 29’ e aos 45+1’, ambos sem fianalização de Evanilson) e pelas arrancadas de Galeno – contra um 3x5x2, houve alguma insistência do FC Porto em “seduzir” Molina a sair na pressão a Zaidu, podendo ter, depois, Galeno de frente para Gimenez, já com o lateral argentino mais adiantado.

Para a segunda parte, Diego Simeone trocou Molina e Carrasco por De Paul e Lemar e a equipa, mais do que pela troca dos nomes, veio com uma postura diferente.

Procurou mais do que uma vez explorar a largura dos alas, atraindo o FC Porto a um lado, antes de rodar rapidamente o lado da bola – foi até assim que houve um golo anulado a Koke, depois de Zaidu não conseguir suster a largura de Llorente e De Paul.

Mas esse ímpeto do Atlético durou pouco. O FC Porto voltou a equilibrar o jogo, estabilizando o plano defensivo e explorando o ofensivo – houve um remate de Eustáquio de fora da área para defesa de Oblak e um lance bem construído aos 65’, com novo passe de Taremi e má finalização de João Mário.

Pouco depois viu-se Simeone a pedir calma aos jogadores e o pedido parecia redundante com o que já se passava: calma teve o Atlético desde o início do jogo. Menos calma tiveram os adeptos espanhóis com duas alterações de Simeone: trocou um avançado por um central (Morata por Hermoso) e pouco depois tirou João Félix, o único jogador do Atlético que estava a conseguir fazer algo ofensivamente, mesmo que pela via meramente individual. O Atlético, que já pouco jogava com Félix e Morata, menos jogou sem a dupla ofensiva.

A lesão de Otávio (saiu de maca) e a expulsão de Taremi (segundo amarelo, por simulação) tiraram ainda mais intensidade ao jogo e a partida, que já não estava excitante, ficou menos ainda. Até porque a equipa que mais fazia por chegar ao golo, o FC Porto, estava, para os últimos oito minutos, reduzida a dez jogadores.

Eis que o Atlético marcou quase do nada, aos 90+1’, com um remate de Hermoso desviado na defesa do FC Porto. E quando o resultado parecia feito uma mão na bola deu penálti ao FC Porto, que empatou por Uribe aos 90+6’. Pelo que se tinha passado, era o mínimo. Era? Era. Mas não foi.

No canto da última jogada da partida, Griezmann aproveitou uma bola enviada para o segundo poste para cabecear para o 2-1 e para a explosão do Wanda Metropolitano.

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