Casa de Sergio Moro alvo de buscas por irregularidades na campanha

Queixa foi apresentada por grupo de partidos de esquerda por causa da dimensão do nome dos suplentes no material de campanha do ex-juiz que procura ser eleito senador.

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Moro desistiu de se candidatar à presidência e tenta agora chegar ao Senado ADRIANO MACHADO / Reuters

O ex-juiz federal e ex-ministro Sérgio Moro esteve habituado durante anos a dar ordem para que fossem cumpridos mandados de busca e apreensão, sobretudo na época em que era a figura maior da Operação Lava-Jato, a mega-investigação que tocou praticamente todos os partidos políticos brasileiros. Desta vez, porém, foi ele o alvo de uma operação do género.

No sábado de manhã, a casa do agora candidato ao Senado Federal, em Curitiba, foi alvo de uma operação de busca e apreensão motivada por alegadas irregularidades no material de campanha da sua candidatura. Em causa, de acordo com a Folha de S.Paulo, está o tamanho do tipo de letra em que os nomes dos suplentes da sua candidatura aparecem nos materiais de campanha, que é inferior ao que está fixado pela legislação eleitoral.

A ordem foi dada por uma juíza do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná na sequência de uma denúncia apresentada pela Federação Brasil da Esperança, uma organização que congrega vários partidos de esquerda, incluindo o Partido dos Trabalhadores.

Moro, que é candidato do União Brasil a um lugar no Senado Federal pelo estado do Paraná, condenou a operação de buscas e concentrou as suas críticas no PT, garantindo que nunca será intimidado. O partido pretende recorrer da decisão.

“Hoje, o PT mostrou a ‘democracia’ que pretende instaurar no país, promovendo uma diligência abusiva na minha residência e sensacionalismo na divulgação na matéria”, escreveu o ex-ministro no Twitter. “O crime? Imprimir santinhos [panfletos de campanha] com letras dos nomes dos suplentes supostamente menores do que o devido”, acrescentou.

Na sentença, a juíza Melissa de Azevedo Olivas diz que no site oficial da campanha e nas redes sociais, não são referidos os nomes dos suplentes, “em absoluta inobservância da legislação eleitoral”. Por isso, também foi dada ordem para a remoção de vários vídeos presentes nas redes do Instagram, Facebook e YouTube da sua campanha.

As buscas foram celebradas por dirigentes e apoiantes do PT, um dos partidos que mais esteve na mira da Lava-Jato, que culminou com a prisão do ex-Presidente e hoje candidato à presidência, Lula da Silva. “Que moral essa gente tem? Nunca conseguem cumprir a lei!!!”, escreveu a presidente do partido, Gleisi Hoffmann na sua conta do Twitter.

No mesmo tom, a deputada federal pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Sâmia Bomfim, também aproveitou para celebrar a decisão. “Oi Moro, juiz ladrão, tudo bem por aí em Curitiba?”, escreveu.

Moro chegou a ser um dos nomes mais bem cotados para chegar à Presidência da República, mas a descredibilização crescente da Lava-Jato perante os indícios da conduta imprópria do ex-juiz durante a condução das investigações prejudicou a sua imagem. O ex-juiz ainda chegou a ponderar uma candidatura ao Palácio do Planalto no início do ano, mas as sondagens atribuíam-lhe intenções de voto muito baixas.

Sem poder voltar a ingressar na carreira judicial, Moro decidiu candidatar-se ao Senado pelo seu estado. No entanto, nem isso parece ser certo, uma vez que tem aparecido nas sondagens atrás do actual senador Álvaro Dias.

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