Um chimpanzé com o seu “animal de estimação” e outras impressionantes fotos de vida selvagem

Foram agora conhecidas as imagens “altamente elogiadas” pelo júri do prémio Fotógrafo de Vida Selvagem do Ano. Uma dessas imagens é do fotógrafo português José Fragozo. Vencedores do prémio são conhecidos a 11 de Outubro.

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Fotografia de um chimpanzé a segurar nos braços um mangusto captada na República Democrática do Congo Christian Ziegler/Wildlife Photographer of the Year

Enquanto olha atentamente para cima, um bonobo (ou chimpanzé-pigmeu) segura nos braços um mangusto pequeno, de olhos esbugalhados e com as minúsculas patas firmemente pousadas sobre a mão direita do primata. A peculiar imagem parece quase a de um pai a embalar um filho. Mas será que o momento é assim tão ternurento? Será que o bonobo não acabou de apanhar aquele que será o seu jantar?

É com esta fotografia, captada na floresta da República Democrática do Congo, que o seu autor, Christian Ziegler, concorre ao prémio Fotógrafo de Vida Selvagem do Ano (Wildlife Photographer of the Year, na designação original), galardão prestigiado que é atribuído anualmente pelo Museu de História Natural de Londres.

Esta imagem, soube-se esta quinta-feira, é uma das fotografias ditas altamente elogiadas pelo júri. Estas constituem como que uma pré-selecção das melhores candidaturas. Os vencedores dos diferentes prémios do galardão serão conhecidos a 11 de Outubro.

Christian Ziegler, que já fora distinguido na edição de 2005 e colabora regularmente com a revista National Geographic, disse à BBC que a sua imagem do bonobo com o mangusto foi captada depois de ter passado vários dias a seguir cautelosamente o grupo de bonobos que vivem no congolês Parque Nacional de Salonga.

“O cuidado com que o bonobo segurava o mangusto surpreendeu-me tanto que comecei imediatamente a segui-lo e a documentar [a interacção entre os dois animais]”, referiu, acrescentando que o primata passou mais de uma hora a segurar e acariciar o pequeno mamífero bebé.

Barbara Fruth, co-responsável por um projecto de observação e estudo dos chimpanzés-pigmeus do Parque Nacional de Salonga, explica à BBC que, quando ficam satisfeitos, estes animais não conseguem comer todas as presas caçadas e tratam os sobreviventes como se fossem animais de estimação (que tendem a ser comidos quando o apetite ressurge). Mas a BBC escreve que esta história acabou bem para o mangusto, que pôde escapar ileso.

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Fotografia de Christian Ziegler em tamanho completo Christian Ziegler/Wildlife Photographer of the Year

Encontros curiosos e maus tratos a animais

Outros concorrentes ao prémio Fotógrafo de Vida Selvagem do Ano, que este ano celebra a sua 58.ª edição, incluem a norte-americana Suzi Eszterhas, que, na Costa Rica, fotografou um encontro curioso entre um cão e uma preguiça.

A preguiça estava a tentar chegar até um conjunto de árvores quando um cão grande passou por ela. Assustada, a preguiça paralisou-se, mas o canino, que havia participado num programa de treino no âmbito do qual foi ensinado a não atacar preguiças (e outros animais que, por causa da sua lentidão, muitas vezes não são capazes de se esconder de possíveis predadores), simplesmente cheirou o animal e seguiu em frente.

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Visons-americanos mantidos em cativeiro (para comercialização da sua pele) na Suécia Jo-Anne McArthur/Wildlife Photographer of the Year

Também concorre uma imagem que a fotojornalista canadiana Jo-Anne McArthur captou na Suécia e que mostra pequenos visons-americanos a lutarem por espaço numa jaula de dimensões reduzidas. A fotografia foi tirada numa quinta onde seres como o vison-americano são mantidos em cativeiro para, depois, as peles dos animais serem comercializadas.

Por cima da jaula que mantém os visons presos, está um pedaço de papel. A imagem de Jo-Anne McArthur mostra um “10” riscado e, à esquerda, um “8”. Provavelmente, isto significa que, quando a fotografia foi tirada, já haviam morrido dois dos dez visons-americanos em tempos albergados pela jaula.

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Urso polar espreita pela janela de uma estação meteorológica abandonada na ilha russa de Kolyuchin Dmitry Kokh/Wildlife Photographer of the Year

Dmitry Kokh captou imagens interessantes na pequena ilha russa de Kolyuchin, onde hoje não vivem humanos. Usou um drone para fotografar ursos polares que haviam encontrado refúgio dentro de uma estação meteorológica abandonada. A imagem com a qual concorre ao prémio Fotógrafo de Vida Selvagem do Ano mostra um urso a olhar pela janela, como que pronto para confraternizar com os vizinhos.​

Por último, destacar uma fotografia de um português: José Fragozo, fotógrafo que vive no Quénia e que, nesse país africano, registou em imagem uma girafa cujo corpo está, na sua maioria, tapado por um pilar que suporta os caminhos-de-ferro. O jornal britânico The Guardian escreve que a fotografia é “simbólica de como o espaço para a vida selvagem continua a ser espremido”.

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Girafa tapada por pilar que suporta os caminhos-de-ferro numa região do Quénia José Fragozo/Wildlife Photographer of the Year

O Museu de História Natural de Londres afirma que, este ano, o prémio Fotógrafo de Vida Selvagem do Ano recebeu candidaturas de fotógrafos de 93 países diferentes. Depois de anunciar, a 11 de Outubro, os vencedores, o museu acolherá, entre o dia 14 desse mês e 2 de Julho de 2023, uma exposição com cem imagens vencedoras ou “altamente elogiadas”. As candidaturas para a próxima edição do prémio (a 59.ª) abrem já a 17 de Outubro.

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