A Volta a Espanha ficou mais pobre

A covid-19 continua a fazer baixas de peso e Simon Yates e Pavel Sivakov, ambos no top-10, já não alinharam à partida. Também Julian Alaphilippe já não está na corrida, algo que poderá influir na forma como Remco Evenepoel defenderá a camisola vermelha.

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Alaphilippe no chão na etapa 11 da Vuelta EPA/Javier Lizon

À falta de motivos de interesse na etapa 11 da Volta a Espanha – candidata a mais aborrecida da prova, sem acção e com ritmo lento –, o mais relevante para iniciar este texto é dizer que a Vuelta está mais pobre. A tirada começou sem Simon Yates, sem Pavel Sivakov e acabou também já sem Julian Alaphilippe.

A covid-19 continua a fazer baixas de peso e Yates e Sivakov, ambos no top-10, já não alinharam à partida. A má fortuna dos ciclistas da BikeExchange e da Ineos são, num plano meramente cru de análise, uma boa notícia para João Almeida, que subiu ao sexto lugar, pelo abandono de Yates, e ficou sem um dos rivais na luta por uma boa posição – e Sivakov parecia em subida de forma.

No caso de Alaphilippe o problema é mais complexo. O ciclista gaulês caiu durante a etapa e, apesar de não ter sido uma queda dura, já não saiu do chão, seguro de que a clavícula tinha problemas graves.

O braço foi imobilizado, “Loulou” foi para o hospital e Remco Evenepoel ficou sem o principal domestique para o que resta da Vuelta – e ainda não é seguro dizer que o belga vá responder a preceito à primeira prova de três semanas que faz, mais ainda tendo apenas Van Wilder e Masnada como possíveis ajudantes.

Um cenário no qual Movistar, Ineos e Jumbo se unam contra a Quick-Step poderá deixar Evenepoel sem alguém que o ajude a responder a vários ataques, à semelhança do que Tadej Pogacar sofreu na Volta a França.

Para Alaphilippe, esta lesão é, em teoria, um problema grave para os Mundiais agendados para daqui a 20 dias – não é garantido que o francês não vá poder defender o título mundial, mas o cenário é, por agora, algo negro.

Cerca de 1300 caracteres depois, falemos, então, da etapa 11. E há pouco a dizer. Houve um percurso plano, uma fuga apanhada facilmente, uma etapa desprovida de ataques, pouco vento a incomodar o pelotão e nenhuma surpresa no final. Nessa medida, houve, como se esperava, um sprint em pelotão compacto, no qual Kedan Groves (BikeExchange) foi o mais forte, à frente de Danny van Poppel (Bora) e Tim Merlier (Alpecin).

Este triunfo acaba por ser uma minimização de perdas para a BikeExchange, já que a equipa está sedenta de pontos para se manter no World Tour e perdeu Simon Yates, cujo top 10 na Vuelta poderia ser fundamental nas contas da fuga à despromoção na categoria mais alta do ciclismo.

Para esta quinta-feira está agendada uma etapa com final em alto. Ao contrário do terreno montanhoso escalado até aqui, esta é uma subida que vai mais ao encontro dos predicados de João Almeida, fã de montanhas mais longas e constantes.

Na subida a Peñas Blancas, os ciclistas vão pedalar durante 19 quilómetros com pendente média de 6,7%, um tipo de percurso no qual o português poderá encontrar um ritmo constante e não ter apenas de sobreviver aos “repelões” que o prejudicam em escaladas mais curtas e explosivas.

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