Vamos procurar aranhas? Projecto pede ajuda à população para identificar animais em Portugal e Espanha

O Argiopeople é um projecto científico entre Portugal e Espanha que quer ajudar a identificar espécies “muito comuns” de aranhas e contribuir para a sensibilização da população para a importância destes animais no nosso ecossistema.

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Uma aranha do género Argiope registada na região de Queensland, na Austrália G. Winterflood

O Argiopeople, um projecto de ciência-cidadã, está em curso para conhecer melhor as aranhas dos géneros Argiope e Araneus em Portugal e Espanha através da colaboração de toda a população.

O cientista e biólogo da Estação Biológica de Doñana (Sevilha, Espanha), José Manuel Vidal-Cordero, o zoólogo Fernando Cortés-Fossati e o biólogo e professor Marcos Méndez Iglesias, os dois últimos do grupo de Ecologia Evolutiva da Universidade Rei Juan Carlos (Madrid, Espanha), formam actualmente a equipa que compila dados diários para a conservação e conhecimento destas espécies.

Vidal-Cordero explica à agência espanhola Efe que o projecto Argiopeople, que começou em 2022, surge porque, “ao contrário do que se poderia esperar e apesar de serem muito comuns”, falta informação, sensibilização e investigação sobre estes dois géneros de aranhas.

Este trabalho científico procura identificar as populações em território português e espanhol tanto do género Argiope (especificamente, A. bruennichi, A. lobata e A. trisfaciata), bem como Araneus (nomeadamente A. diadematus e A. palido).

As aranhas Argiope, também vulgarmente conhecidas como “tigre” ou “vespa” pelas suas variações de cor entre amarelo, preto e branco, “são habitualmente vistas entre Junho e Novembro em Espanha” e, como acrescenta Vidal-Cordero, caracterizam-se pela sua fácil distinção de sexo, tendo em conta o tamanho dos machos, que medem cerca de um centímetro, e o das fêmeas, que podem chegar aos três.

Já as aranhas do género Araneus, apelidadas de “aranhas-cruzadas” por causa do desenho de uma cruz nas costas e no seu abdómen “arredondado e alaranjado”, vivem em habitats como hortas e jardins e “caminham em grandes teias orbiculares.”

Até agora, o biólogo espanhol avança que foram identificadas A. bruennichi em zonas de clima quente e temperado e a A. trisfaciata para sul e desde o Algarve à Catalunha.

No entanto, desconhece-se a presença de A. lobata em climas temperados, de A. diadematus nas regiões da Extremadura ou Portugal, ou a de A. pallidus nos Pirenéus, nas Ilhas Baleares, em Castela-Mancha ou na Andaluzia oriental, entre outros locais.

Ainda existem “poucos registos” sobre o conhecimento das espécies em diversas regiões.

O objectivo deste projecto, segundo Vidal-Cordero, é principalmente “continuar a conhecer” estas espécies, “contando com a participação da sociedade”, porque as características físicas destes animais são fáceis de identificar pela população.

Segundo o zoólogo Fernando Cortés-Fossati, o projecto Argiopeople também contribui para “consciencializar” a população de que as aranhas “são essenciais ao ecossistema” como “predadoras essenciais” e “controladoras de pragas”.

“Todas as aranhas do mundo comem, em 365 dias, uma quantidade de presas equivalente a 15 vezes o peso da população da Europa e 329 vezes da população de Espanha”, o que representa aproximadamente uma quantidade de “800 milhões de toneladas” de insectos, destacou Cortés-Fossati.

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