André Ventura vai apresentar uma moção de confiança para “definir o caminho” do Chega

Em resposta à demissão de vários autarcas e de Gabriel Mithá Ribeiro de vice-presidente do partido, o líder do Chega admite que existe uma facção contra a direcção, mas assegura que Mithá Ribeiro não sai do grupo parlamentar.

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André Ventura falou à margem da Academia de Verão do Chega LUSA/TIAGO PETINGA

O presidente do Chega, André Ventura, anunciou este domingo que vai apresentar uma moção de confiança ao partido para se “definir o caminho” que a força política deve tomar após a demissão de Gabriel Mithá Ribeiro e de vários autarcas eleitos pelo Chega. Apesar de admitir que existe uma facção oposta à actual liderança, assegura que o partido está unido, pondo de parte a saída de Mithá Ribeiro do grupo parlamentar.

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“Por entender que em democracia são os militantes e os dirigentes que devem escolher, informei ontem o presidente de mesa, Jorge Valsassina, de que pretendo apresentar uma moção de confiança ao partido, a marcar de forma urgente, onde todos possam participar e ter a sua posição para definir se este é o caminho que querem”, afirmou André Ventura, à entrada para o encerramento da Academia de Verão do partido em Loulé.

“A nossa unidade, que é para mim um dado que dou como garantido, não é indiferente e eu não sou indiferente ao que foi dito e ao episódio que ocorreu [com Gabriel Mithá Ribeiro], bem como a outras críticas de autarcas do país todo”, justificou ainda, admitindo que embora o partido vá “permanecer unido nas várias lutas” que tem “pela frente”, existe uma facção contrária à direcção do Chega.

“É evidente que há hoje uma facção, que penso que é minoritária, que entende que o nosso estilo tem sido talvez de forma agressiva demais. Talvez tenhamos tido um estilo político demasiado forte e assertivo com o PS”, confessou, dando como exemplos a moção de censura que o partido apresentou ao Governo e ao presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva. “Há uns que acham que não devia ser feito assim, que devíamos ter uma oposição mais parecida com o PSD ou a Iniciativa Liberal”.

André Ventura considera que “isso tem de ser clarificado”, mas garante que não pretende fazer alterações à natureza das propostas do partido e da “forma de estar no Parlamento” do grupo parlamentar em luz dessas divergências: “não é essa a minha forma de fazer política, nem nunca foi a do Chega”.

Questionado pelos jornalistas sobre se Gabriel Mithá Ribeiro se vai tornar deputado independente, já que o ex-vice-presidente do partido assegurou que vai cumprir o mandato até ao fim “dentro ou fora do partido”, o líder do Chega afirmou que teve conversas com o deputado e o líder do grupo parlamentar, Pedro Pinto, que garantiram que a “unidade não está posta em causa”.

Mithá Ribeiro anunciou esta segunda-feira que pediu a demissão do cargo de vice-presidente do partido depois de André Ventura o ter afastado da coordenação do gabinete de estudos políticos do Chega e tomado o lugar “provisoriamente”. O também parlamentar já se tinha mostrado crítico das propostas do Chega na área da justiça, ao partilhar um artigo nesse sentido nas redes sociais.

Em resposta, Ventura declarou numa conferência de imprensa que iria promover uma “profunda reorganização institucional interna”, no conselho nacional, que afectará a comissão política nacional e sustentou que mantinha a confiança política em Mithá Ribeiro.

Também autarcas de várias zonas do país eleitos pelo Chega têm apresentado a sua demissão, designadamente, cinco vereadores que se tornaram independentes em 10 meses.

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