Grávida teve de percorrer mais de 150 quilómetros em trabalho de parto. ARS investiga

Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo está a investigar caso de mulher do Seixal que em trabalho de parto foi encaminhada para Hospital Distrital de Santarém e depois para unidade das Caldas da Rainha, onde acabou por ter a filha.

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Bebé acabou por nascer no hospital das Caldas da Rainha a mais de 110 quilómetros de casa. CARLOS BARROSO

Uma grávida da Amora, no Seixal, foi encaminhada em trabalho de parto na madrugada de segunda-feira passada para o Hospital Distrital de Santarém, a 100 quilómetros de distância, local onde esteve apenas durante duas horas, até ser novamente transferida para uma unidade das Caldas da Rainha, a mais de 50 quilómetros de distância, onde a filha acabou por nascer. O caso foi divulgado esta quarta-feira à noite pela SIC.

"A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo abriu um processo de inquérito para apuramento das circunstâncias em que decorreu o atendimento de uma grávida residente no concelho do Seixal que foi transportada para o Hospital Distrital de Santarém e posteriormente transferida para a unidade de Caldas da Rainha do Centro Hospitalar do Oeste”, confirmou ao PÚBLICO a instituição, que não adiantou explicações sobre o caso.

Segundo contou o pai da bebé à SIC, a mulher começou com dores à meia-noite, uma situação que aguentou até às 4h, quando decidiram pedir ajuda através do 112. Os Bombeiros da Amora foram buscar a mulher de 26 anos a casa, mas surpreenderam o casal quando os informaram que teriam de transportar a grávida para Santarém.

João Morais, pai da bebé, contou à SIC que em Santarém foi informado que a mulher teria que ser transferida para as Caldas da Rainha, onde a filha acabou por nascer às 17h de segunda. “Chegámos depois das 8h. Aqui toda a gente foi fantástica, foi a nossa única sorte”, referiu João Morais, à SIC. Mesmo assim a família pondera intentar um processo contra o Estado português. “Estamos a 120 quilómetros de casa, quando há sete hospitais nos distritos de Lisboa e Setúbal que nos podiam receber”, reclama o pai, que tem feito nos últimos dias mais de 200 quilómetros para visitar a mulher e a filha.

O caso acontece numa altura em que se têm sucedido os encerramentos temporários de blocos de partos em todo o país devido à falta de médicos. No entanto, pela informação que consta no portal do Serviço Nacional de Saúde com os horários das urgências de ginecologia/obstetrícia e blocos de partos que dão resposta às mulheres do distrito de Setúbal havia abertos na madrugada de segunda-feira passada vários hospitais num raio de 30 quilómetros a partir da Amora, onde reside a grávida. Era o caso do Hospital Garcia de Orta, em Almada, do S. Francisco Xavier, em Lisboa e do Hospital São Bernardo, em Setúbal. Também o hospital do Barreiro estava com a urgência aberta, contudo, iria ter o bloco de partos encerrado entre as 9h e as 21h de segunda.

Contactada pelo PÚBLICO, fonte da assessoria de imprensa do Instituto Nacional de Emergência Médica confirma que o organismo reencaminhou a paciente para o Hospital de Santarém face à inexistência de vagas comunicada ao Centro de Orientação de Doentes Urgentes de Lisboa por outras unidades de saúde da região.

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