Incêndio em Vila Real consumiu 4500 hectares

Fogos que lavraram no domingo em Ourém e Alenquer entraram em resolução. Em Vila Real, o incêndio de Samardã foi dado como dominado, assim como em Carrazeda de Ansiães, onde as chamas cederam e o fogo foi dado como dominado. O perigo de incêndio vai manter-se elevado em algumas regiões até pelo menos sexta-feira.

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O Governo determinou no sábado a declaração da situação de alerta no continente, em vigor até às 23h59 de terça-feira Adriano Miranda

O incêndio que deflagrou sexta-feira em Samardã, no distrito de Vila Real, já foi dado como dominado, mas continua a merecer grande atenção das autoridades para garantir que não há reacendimentos, de acordo com declarações do comandante Distrital de Operações de Socorro de Vila Real, Miguel Fonseca.

A Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC) considera que este fogo se encontra em resolução, mas continua a ser a ocorrência do país que concentra mais meios: às 20h estavam no terreno 454 operacionais, 130 viaturas e duas aeronaves.

A situação em Vila Real está em resolução, depois de ter sido a que mais preocupava as autoridades ao início da tarde, dizia então o comandante Nacional de Emergência e Protecção Civil, André Fernandes, no briefing diário das 12h. O fogo já terá consumido uma área estimada de mais de 4500 hectares, tendo sido um “um incêndio com alguma dimensão”, que afectou zonas do parque natural do Alvão. Só no final “será avaliada a área afectada”.

O combate ao fogo em Samardã fez seis feridos – cinco operacionais e um civil – “todos classificados como ligeiros”.

Reacendimentos marcaram combate em Vila Real

Durante o dia verificaram-se vários reacendimentos que foram combatidos com “celeridade” pelos meios aéreos e operacionais, disse o presidente da autarquia de Vila Real, que insistiu em “mão criminosa” na origem do fogo. Com a dimensão da área ardida, composta principalmente de mato e algum pinhal, e com o tempo quente e o vento forte verificados, era expectável que se verificassem reacendimentos ao longo do dia no incêndio.

“Houve um ou outro reacendimento mais complexo, mas o facto de podermos contar com estes meios aéreos tem permitido agir com celeridade e tem permitido que estes processos estejam resolvidos”, afirmou Rui Santos, num ponto de situação feito aos jornalistas pelas 17h.

Rui Santos especificou que se verificaram “quatro ignições no início do fogo”, no alto da serra do Alvão, o qual se repartiu depois em três frentes: na serra do Alvão, Mouçós e de Vila Pouca de Aguiar.

Ao final da manhã, a tarde avizinhava-se de muito trabalho para os bombeiros devido ao vento moderado a forte nas regiões altas e “nortada” na faixa litoral, temperaturas elevadas especialmente no interior e uma humidade relativa do ar baixa, de cerca de 20%, com “fraca recuperação nocturna nas zonas afectadas pelos incêndios”. O fogo arde numa zona com orografia complicada, por ser em montanha, e com carga combustível de “área florestal com algumas zonas de mato, e as dificuldades inerentes” ao que se junta a “inconstância dos ventos e a sua intensidade”.

Três fogos grandes activos ao início da noite

Em termos de fogos activos, a ANEPC dá conta de três ocorrências importantes em todo o país: um em Mesão Frio (também no distrito de Vila Real), um em Rio Maior (Santarém) e outro em Paredes (Porto). No total, estão mobilizados para estes incêndios mais de 450 operacionais.

Há neste momento 18 fogos em vigilância activa ou resolução, mas as autoridades continuam em alerta: “As reactivações são muito fortes, como foi o caso de ontem em Ourém”, diz André Fernandes. “Não estamos despreocupados, por isso mantemos um dispositivo substancial.”

Esta segunda-feira, até às 19h, foram registadas 78 ocorrências, de acordo com o comandante Nacional. Ao longo dos três últimos dias foram registadas 274 ignições relacionadas com incêndios rurais, com os distritos do Porto, Braga, Vila Real, Lisboa e Viseu a registaram os maiores números de ocorrências. No total, estiveram a combater as chamas mais de 8000 operacionais.

Mais de 100 concelhos em alerta muito elevado de incêndio

O IPMA colocou também vários concelhos de todos os distritos de Portugal continental em perigo muito elevado e elevado de incêndio rural. Segundo o Instituto, o perigo de incêndio rural vai manter-se elevado em algumas regiões do continente pelo menos até sexta-feira.

O perigo de incêndio, determinado pelo IPMA, tem cinco níveis, que vão de reduzido a máximo e os cálculos são obtidos a partir da temperatura do ar, humidade relativa, velocidade do vento e quantidade de precipitação nas últimas 24 horas.

O IPMA prevê para esta segunda-feira no continente céu pouco nublado ou limpo, apresentando-se muito nublado no litoral oeste até ao meio da manhã, e possibilidade de ocorrência de chuvisco no litoral Norte e Centro até ao meio da manhã. A previsão aponta também para vento por vezes forte na faixa costeira ocidental e nas terras altas e pequena subida da temperatura máxima no Norte e Centro, em especial no litoral.

As temperaturas mínimas vão oscilar entre os 16ºC (em Viana do Castelo, Braga e Porto) e os 22º (em Portalegre) e as máximas entre os 26º (em Aveiro) e os 39º (em Évora).

Fogos em Ourém e Alenquer entraram em resolução

No concelho de Ourém, o incêndio que deflagrou sexta-feira no Carvalhal, na freguesia de Espite, entrou em fase de resolução, depois de uma reactivação. Um outro foco que surgiu esta tarde na freguesia de Matas e Cercal também está em vias de ser concluído, segundo as informações da ANEPC.

Segundo fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Santarém, o incêndio que deflagrou na sexta-feira no Carvalhal, em Ourém, entrou em resolução ao final da noite de domingo, mas voltou a ser considerado activo esta segunda-feira. Perto das 20h, estava novamente em fase de resolução e a a ser combatido por 201 operacionais, 65 veículos e uma aeronave. Este fogo também tinha entrado em resolução no sábado, mas reacendeu-se no domingo ao início da tarde.

Os outros fogos que lavravam em Ourém – um segundo em Espite, um em Matas e Cercal e outro na freguesia de Seiça – estão nesta altura em fase de conclusão.

No concelho de Santarém, a maior preocupação é o incêndio que deflagrou esta tarde, perto das 16h, em Rio Maior. Às 20h, mais de duas centenas de operacionais combatem o fogo, com 62 viaturas e cinco meios aéreos, segundo dados do site da ANEPC.

Já o fogo que teve início em Abrigada, na freguesia de Olhalvo, pelas 15h20 de domingo, entrou esta tarde em fase de conclusão. Pelas 20h mantinham-se no local 58 operacionais e 21 veículos. Segundo o CDOS de Lisboa, “não há vítimas a registar, nem habitações ou barracões atingidos” pelas chamas.

O presidente do Câmara de Ourém disse esta segunda-feira esperar que seja decretado o estado de calamidade naquele concelho do distrito de Santarém, à semelhança do que foi avançado pelo Governo em relação à serra da Estrela.

“Acabei de ouvir decretar o estado de calamidade na serra da Estrela. Espero que o tratamento seja idêntico para o concelho de Ourém, onde temos prejuízos incalculáveis, sobretudo na agricultura e na floresta. Os prejuízos são avultadíssimos”, reforçou Luís Albuquerque.

Os incêndios deste verão já destruíram seis mil hectares no concelho, acrescentou o autarca, ao lembrar que 70% do concelho é constituído por floresta.

“Já não havia grandes incêndios há alguns anos e foi-se acumulando todo o combustível. Mesmo com a limpeza das faixas, era praticamente impossível travar o fogo, dada a intensidade do vento e a velocidade do incêndio”, constatou. Luís Albuquerque defendeu, por isso, que se aposte mais em “faixas de contenção em mosaico”, para que sejam mais resistentes às chamas.

Dominado fogo em Carrazeda de Ansiães

O incêndio, que deflagrou no domingo em Selores, no concelho de Carrazeda de Ansiães, distrito de Bragança, foi dado como dominado às 5h08, disse à Lusa fonte da Protecção Civil.

No terreno encontram-se às 16h20 101 operacionais, 28 viaturas e duas aeronaves, de acordo com o site da ANEPC.

Pelas 16h20, a página da ANEPC registava 14 incêndios em curso em Portugal Continental, estando no terreno um total de 1328 operacionais, 357 viaturas e 27 aeronaves. Há ainda sete situações em resolução, com 242 operacionais, 57 viaturas e quatro aeronaves destacadas.

Face às previsões meteorológicas para os próximos dias, que apontam para um agravamento do risco de incêndio rural, o Governo determinou no sábado a declaração da situação de alerta no continente, em vigor até às 23h59 de terça-feira. A situação de alerta não vai ser prolongada pelo Governo, justificando a decisão com um “quadro de melhoria significativa” das condições meteorológicas, que se deve fazer sentir a partir de quarta-feira.

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